Podíamos ter sido, se calhasse, outra coisa. Feitos de uma outra carne, que não doesse tanto, ter que espernear, de quando em vez, ou avançar, mas somos isto; esta glória audaz que não exagera no tom, que não se converte em balbucios e que reage, não a metro ou por mandato, mas por impulso.
Temos sido, algumas vezes, desrespeitados nos nossos quereres; muitas vezes, visto serem maltratadas as nossas vontades, mas a nossa vantagem, em relação a outros, reside na forma e na circunstância como estamos aqui, de pé, no meio do mar.
É desse orgulho de ser açoriano que vos falo hoje.
Um orgulho incondicional, que não se esvai em minudências, nem se eclipsa sobre suspeitas vantagens ou medo de embates circunstanciais.
Não. Nos tempos que correm e, nos que ainda estão por correr, só se pode esperar que todos, independentemente do lugar que ocupam, sejam capazes de defender esta terra, o seu Povo e a nossa Autonomia.
Vem isto a propósito dos dias que vivemos, pelo menos desde março, e da sensação que tive quando vi a nossa SATA levantar voo e ir à China para carregar e trazer para os Açores material médico e equipamento de proteção hospitalar para o nosso Serviço Regional de Saúde.
Mais uma vez, digam o que disserem os que estão sempre prontos para dizer qualquer coisa, provamos que não nos rendemos. Não nos deixamos levar nos braços dos que, por inércia ou falta de vontade, se deixam ir na corrente. Não!
Foi preciso? Fomos. É necessário? Fazemos! É assim e, sendo assim, é o melhor de nós que damos.
Nada está, contudo, ainda resolvido, mas tenho a certeza de que estamos (quase todos) juntos nesta “trincheira” de combate ao COVID-19 e que, tal como escreveu Hemingway, isso (saber quem está ao nosso lado na “trincheira”) importa mais do que a própria guerra.
Vamos e vivos.