Esta semana marca o início da última fase de levantamento das medidas de confinamento social implementadas nos Açores, na sequência da Covid-19. O futuro reserva-nos muitos desafios e comporta alguns riscos.
O momento presta-se a um balanço intercalar sobre algumas conclusões que já podem ser retiradas. Há três que merecem destaque.
Em primeiro lugar deve ser sublinhado o mérito da nossa Autonomia. É esse estatuto político e administrativo que nos confere a capacidade de fazer diferente, mais e melhor do que no Continente.
A nossa Autonomia permite-nos gerir diretamente um Serviço Regional de Saúde e um Serviço Regional de Proteção Civil que se revelaram cruciais para enfrentar a luta contra a pandemia. Há quem prefira destacar os constrangimentos do nosso atual Estatuto autonómico. Todavia, o que deve ser enaltecido é o poder que ele nos confere. É neste quadro que se impõe registar o grande mérito com que o Governo Regional está a liderar e a gerir a atual crise.
Em segundo lugar, é incontornável reconhecer o civismo que a generalidade dos açorianos manifestou durante os últimos dois meses. A população reagiu de forma serena, responsável e solidária. Os açorianos acataram todas as medidas implementadas pelo governo, mas o povo só obedece, a esta escala, quando tem confiança no seu governo e reconhece a capacidade do seu líder.
E por último, apesar dos óbitos a lamentar, é assinalável o sucesso que os Açores tiveram na luta contra a Pandemia. Mesmo perante a teimosia do Presidente da República em impor o “principio da continuidade territorial” na declaração de Estado de Emergência, o que impossibilitou o encerramento dos aeroportos da Região nas ligações com o Continente, os Açores revelavam uma tendência consistente de regressão dos números de contágios com o novo Coronavírus, pelo menos até à declaração da ilegalidade das quarentenas obrigatórias.