Opinião

Confiança?

O PSD-Açores está mergulhado numa crise insólita, decorrente da ação do Ministério Público. Quer o atual presidente do PSD-A, quer os seus dois antecessores, encontram-se a contas com a justiça. Esta circunstância é grave, afeta a imagem e a credibilidade do partido num momento crítico. Qualquer cidadão, até ser condenado por um tribunal, tem direito à presunção de inocência. Duarte Freitas foi constituído arguido devido a uma irregularidade detetada no financiamento de uma campanha eleitoral. Este embaraço, tudo indica, revela mais sobre a desorganização do PSD do que sobre a conduta de Duarte Freitas, um político que considero sério e honesto. A situação de Alexandre Gaudêncio é muito mais sensível. As acusações do Ministério Público que recaem sobre o atual presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande são muito graves. A situação de José Bolieiro é diferente. Sempre o tive em conta como um homem sério e um político íntegro. Já o afirmei publicamente diversas vezes. As minhas divergências com ele sempre foram políticas. Acho-o um líder fraco, sem espírito de liderança, sem capacidade de decisão e com um discurso bucólico. O envolvimento de José Bolieiro no processo de “insolvência culposa da Azores Parque” resulta do seu estilo peculiar. Enquanto presidente de Câmara, Bolieiro teve mais de quatro anos para resolver esse problema. Porém, ele hesitou, vacilou e acabou por tomar uma má decisão imposta pelas circunstâncias e por maus conselhos. Enquanto presidente de câmara, José Bolieiro era um grande adepto do discurso da ética. Agora, o político que sublinhava o seu “compromisso ético” corre o risco de ver o tribunal decretar que não poderá gerir nenhuma empresa pública num momento em que se apresenta aos açorianos como candidato a presidente do governo regional, com uma campanha subordinada ao slogan da confiança. E agora, como é que fica a confiança?