Opinião

Autonomia por Procuração

Consta que, pela primeira vez, no âmbito das audições determinadas para a fixação da data de eleições regionais, o Presidente da República dirigiu um convite diretamente às estruturas regionais açorianas dos partidos políticos com representação na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. Face à importância política desse gesto, que é óbvia, ganham especial significado as presenças e as ausências nessas audições. Lamentavelmente, alguns responsáveis de partidos na situação anteriormente referida, não perceberam, por distração ou por inabilidade políticas, a oportunidade que se lhes oferecia, tendo optado pela ausência (PPM e PSD). Incompreensivelmente, desperdiçaram uma excelente oportunidade de valorização da nossa Autonomia. O PS-A foi o único partido que se fez representar ao mais alto nível. Uma delegação composta pelo Presidente do PS-A, Vasco Cordeiro, e pelo líder parlamentar, Francisco César, compareceu, presencialmente, na referida audiência. O que está em causa não é apenas o respeito institucional devido ao Senhor Presidente da República. O que está em causa, também, é a miopia política de quem enche a boca a falar da valorização da Autonomia e, depois, deixa escapar uma autêntica oportunidade de ouro. Nas atuais circunstâncias, a ausência do líder do segundo maior partido, com a infeliz desculpa do receio da COVID-19, para além de miopia política, revela uma confrangedora incoerência. Quem põe cartazes na rua dizendo que é necessário substituir o medo pela confiança, contradiz-se cruelmente, quando, por medo, desperdiça uma oportunidade histórica. Assim, com mais esta omissão ou, em rigor, uma clara demissão de responsabilidades, não são só estes partidos (PSD e PPM) que perdem, mas sim os eleitores que neles votam que vêm defraudada a representação que deles esperam. É que cá, como lá, a Autonomia não se exerce por procuração.