Recuemos ao dia 8 de setembro de 1976. Nesse dia, ainda o autor deste texto não tinha nascido, tomava posse, em cerimónia realizada no Palácio da Conceição, em Ponta Delgada, o I Governo da Região Autónoma dos Açores. As eleições que deram origem ao I Governo tinham ocorrido no dia 27 de junho de 1976. Nesse dia, os eleitores escolheram, por larga maioria, o então PPD de Mota Amaral para governar a Região. O PPD, recorde-se, obteve 55,43% dos votos, o que correspondeu à eleição de 27 Deputados. O PS obteve 33,80% dos votos, o que correspondeu à eleição 14 Deputados. Por fim, o CDS obteve 7,77% dos votos, o que correspondeu à eleição de 2 Deputados. Neste histórico ato eleitoral votaram, nos seis Partidos que se apresentaram a sufrágio, 109.826 eleitores num total de 162.677 eleitores inscritos. Decorridos que estão 44 anos de tão importante marco da Autonomia e quando se está a caminhar para o termo da XI Legislatura, julgo ser da mais elementar justiça saudar o Povo Açoriano e todos os seus representantes que, ao longo destes 44 anos, desempenharam funções como Deputados à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores e no Governo da nossa Região. A Autonomia de hoje pouco ou nada tem a ver com a Autonomia de 1976, mas isso não significa qualquer tipo de desmerecimento pelo passado. É, sim, uma constatação e um elogio. O caminho a que chegámos só foi possível porque houve um passado. Um passado de luta. De desbravar caminho. De criar as fundações para o futuro. De resiliência e muita paciência. A Autonomia amadureceu, granjeou uma enorme falange de defensores internos, dissipou dúvidas sobre a sua viabilidade, conquistou o respeito de muitos céticos e fez com que a claque dos centralistas seja cada vez menor. Mas ainda existe. E com membros de todos os partidos! De qualquer forma, e no que concerne ao essencial, o percurso tem sido a todos os títulos notável. Em 1976 estávamos, infelizmente, com muitas voltas de atraso no “campeonato” do desenvolvimento, da saúde, da educação, do emprego, da solidariedade, da ciência, da tecnologia, da cultura, do desporto, etc… etc… Hoje, decorrido menos de meio século, o cenário – devido ao esforço conjunto do Povo Açoriano e dos responsáveis políticos que exerceram funções no período temporal aqui em causa – é muito diferente. Recuperámos muito do atraso; conquistámos poder de decisão; temos voz em cada vez mais matérias; conseguimos avanços significativos em todas as áreas; somos pioneiros ou referência em áreas emergentes e, acima de tudo, temos um orgulho crescente em dizer “sou dos Açores”. Se mais motivos não houvesse, este último seria sempre suficiente para se concluir, passados 44 anos do início formal de uma caminhada sem meta final predefinida, que valeu a pena. Valerá sempre a pena lutar pela prosperidade da nossa Terra e pelo bem-estar das nossas gentes. O caminho da Autonomia é irreversível. Passo a posso, metro a metro, vamos sempre chegar mais longe. Sem medos, recuos ou saudosismos! Por isso, a terminar, impõe-se parafrasear a letra do nosso Hino: “Para a frente, Açorianos!”