O PSD Açores apresentou publicamente, nos últimos dias de setembro, o seu programa eleitoral. Contudo, no PSD de Bolieiro, as coisas nunca são ditas de uma forma simples e objetiva. Vai daí, o programa eleitoral surge, pomposamente, intitulado de “Agenda de governação 2020-2030”. Acontece que a denominada “Agenda”, ao longo das suas 116 páginas, enferma de alguns problemas, inúmeros esquecimentos e muitas contradições. Convido-o, por isso, a acompanhar-me numa análise mais detalhada à mesma. Vamos por partes. Começo, como não podia deixar de ser, pelo título do programa do PSD Açores. A escolha de tal título tem na génese, por um lado, uma ideia de confiança e estabilidade na ação governativa e, por outro, quer passar uma mensagem de esperança difundida no tempo de reverter do ciclo de derrotas que começou em 1996. O problema é que no período temporal da agenda (10 anos) teremos três momentos eleitorais para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores e diversos congressos eletivos no PSD. Neste sentido, temos uma “agenda” que, para além de esquecer a vida interna do partido, pretende ignorar o essencial: a vontade do Povo Açoriano. Para quem se arroga de “amigo”, humilde e conciliador, a escolha deste sobranceiro e arrogante título diz muito quanto à diferença entre parecer e ser. Em Ponta Delgada essa diferença é sobejamente conhecida… Passo, agora, à parte substantiva da referida “agenda”. O teor da mensagem vem escrito em tons quase apocalípticos. Os Açores são os piores em quase tudo. Da educação à saúde. Do desenvolvimento ao endividamento. Da exclusão social à coesão económica. Confesso que tentei encontrar alguma referência, ainda que mínima, a alguma área de governação com avaliação positiva, mas a procura revelou-se infrutífera. Para o atual PSD-Açores, a Região vive há 24 anos debaixo de uma noite severa de trovões, ventos ciclónicos e chuva torrencial. Esta visão, através de olhos vendados, ajuda a explicar a travessia do deserto do PSD-Açores. Os responsáveis do PSD-A, para além de não assumirem o estado em que deixaram a Região em 1996, pretendem pintar um quadro irrealista. Bolieiro, que teve responsabilidades no PSD-A e na Região no tempo em que Mota Amaral liderava o Governo, devia saber que o Povo Açoriano privilegia quem diz a verdade. A postura humilde devia significar o reconhecimento do caminho trilhado e da notável recuperação do atraso herdado em 1996 pelo PS-Açores. Depois, aí sim, já seria credível qualquer crítica ou compromisso. Assim, mais uma vez, temos de salientar a diferença existente entre parecer e ser... Por fim, termino com uma rápida abordagem à propositura e compromissos eleitorais ínsitos na “agenda” do PSD-A. Como se trata de uma área emergente e de futuro, debruço-me sobre as propostas relativas às novas tecnologias ou, na linguagem da “agenda”, a causa digital. Preconiza-se uma “Região Digital”. Propõe-se um #AçoresSmart. Defende-se um Plano de Ação para a Transformação Digital na Região Autónoma dos Açores. Plano este que se divide em 7 medidas. Cada qual com um hastag próprio. Tudo isto, no papel, é muito bonito de se ler. O problema é mesmo a implementação prática. Bolieiro, na qualidade de Presidente de Câmara de Ponta Delgada, fez bonitos discursos sobre uma “PDL Smart City”, uso de inteligência urbana, etc… Em todos esses discursos bem podia era ter colocado o seguinte hastag: #executarnaoéparamim!