Opinião

Antinomia

Ei-los fulgentes, qual fénix renascida, entre os escombros e os escolhos de uma pretensa união cujo denominador comum é escasso de coerência e falho de princípios. Rodopiam, volteiam, entre piruetas, malabarismos e redemoinhos, pinos e reviravoltas. Uns engolem, sedentos e sequiosos, as suas próprias palavras, frescas e cálidas da noite anterior.
Outros, agigantam-se nos seus tamancos de barro, em prosápias cornucópias de ego exacerbado. Em comum, o facto de desconfiarem de tudo e todos, de alimentarem a suspeição generalizada e, não de somenos importância, terem como locomotiva o oportunismo jactante que os tolda e os faz pressupor terem tido mais do que na realidade tiveram. Gritam vitórias pírricas a plenos pulmões, na esperança de convencerem quem, por decência, olha de soslaio para a traquitana que montaram.
Entre a miopia de quem se deixa cegar pela ambição e o ventriloquismo fanfarrão que não se basta a si próprio, mancham a Autonomia de cores tão garridas como despropositadas. A antinomia passa a ser o novo mantra e até o vetusto senador se perde em vacuidades, apressado em atestar como boa uma solução que, noutros tempos, o iria revolver até às entranhas.
Vivemos tempos estranhos em que os democratas são acusados de ditadura por aprendizes de tiranetes e por valetes pretensiosos. Chegados que estão à mesa do “banquete”, cedo iremos vê-los em intrigas, jogadas palacianas e traições assolapadas. Entretanto, Ciprião cora de vergonha, Natália faz um esgar de desprezo e Nemésio vê alastrar o mau tempo para além do canal…
O meu conselho: agasalhem-se e mantenham-se seguros!