Os resultados eleitorais já foram esmiuçados. O debate sobre a coligação de direita já foi transposto para a política nacional. O espúrio alcandorou-se à controvérsia. O frentismo e a coalizão saíram vencedores. Alguns ainda não se aperceberam que o PS - que ganhou as eleições - não forma governo!
Mas um novo governo está na forja. Os nomes pululam nas mesas do café e nas repartições públicas. Ato resultante e concomitante espera-se a saída dos dirigentes gestionários. Os que vão entrar ouvem loas motivacionais do tipo “força”, “coragem” ou ainda “hei o que vocês vão herdar ”, e os que vão sair escutam expressões de conformismo como “ é a democracia” ou “que ingratidão”, ou ainda “calma aí, vocês estão quase de volta”!
Para a composição do futuro governo aprontam-se almocinhos, procuram-se réstias de fidelidades partidárias, descobrem-se laços familiares e jogam-se nomes na praça pública. Uns põem-se em bicos de pés, outros insinuam-se e alguns outros ensaiam a conversa sobre o “dizes bem de mim, que eu direi bem de ti“. Ou então, vamos passear nas ruas da cidade pode ser que alguém nos veja? Desconhecem as dificuldades que estão a ser sentidas para acomodar todos os mesários da coligação.
No PSD, existem os eufóricos e os simplesmente apreensivos. Para os primeiros vale tudo, porque vinte e quatro anos fora do poder justifica uma parte, o que António Costa fez em 2015 justifica outra, e “normalizar” o Chega tornou-se um ato messiânico, tão válido como atirar o BE e o PCP para cima de Polt Pot ou de Stalin. Quanto aos apreensivos, vão avisando sobre os escolhos da viagem, mas no fundo esperam um convite que se julga merecer.
A relação do PSD com o Chega é tão contranatura que há militantes a interrogar-se sobre o sentido do velho aforismo do “diz-me com quem andas que eu direi quem tu és”!
No CDS vive-se um misto de alegria e pânico. Regozijam-se porque enganaram os socialistas depois de um namoro de mais de duas décadas, mas atormentam-se porque já perceberam que vão ser devorados pelo Chega. Estas lealdades enquadram-se no brado militar que diz: Quem ao inimigo perdoa, um dia às mãos lhe há de morrer!
No PPM mora o gáudio do quanto mais pequeno melhor. Para quê apostar nas ilhas grandes quando nas pequeninas é que está o ganho! É o sistema eleitoral! É um jeito maneirinho de fazer as coisas. São aprendizagens reais! Chegará a sua hora.
Iniciativa Liberal e Chega vão apoiar o governo da coligação por fora. Acho que são inteligentes, pois quem por fora corre, mais depressa fica de fora quando as coisas correrem mal lá dentro! O PS deve fazer uma sementeira neste quintal.
Entretanto, na ALRAA, tomaram posse os novos deputados. Recai sobre eles alguma expectativa. Para já, apenas sobressai a cromática.
No PS, espera-se que os deputados cumpram o mandato para que foram convidados e votados e Vasco Cordeiro abriu o livro do como fazer a passagem de testemunho ao convidar o presidente indigitado. Diz quem sabe, que é na hora de saída que está o primeiro ganho para um dia se voltar?
Nestes dias e seguintes vamos entreter-nos a apreciar a paisagem política e ver os que “saltam”, os que “mudam de passeio” e “os que eram sem nunca o ter sido”. Nada que espantasse o falecido dirigente socialista, Tito Morais, que já dizia: Quem serve causas que não ama, só as serve para um dia as poder trair!