Opinião

Programa de Governo - páginas cheias de nada! Um texto desarticulado para o futuro e com muita cópia do passado

Na leitura do programa do XIII Governo, fica a certeza de um documento, na sua forma, mal estruturado e, no seu conteúdo, com um conjunto de medidas copiadas do XII Governo (e anteriores) e desarticulado face à colagem de partes dos compromissos dos cinco partidos. Um conjunto de páginas cheias de nada!

Onde está a ambição do XIII Governo?

A narrativa política que perpassou os três dias de debate do programa do governo foi a de “o que está bem é para manter”. No campo da humildade democrática, poderá ficar bem. Porém, a leitura atenta do programa, conduz-nos a contradições e a um vazio de ambição para os Açores.

Medidas populistas, medidas positivas e medidas pobres

Ao longo da legislatura a análise ao programa de Governo será retomada. Para já, destaco como medida populista, a redução de impostos que afinal irá beneficiar quem mais ganha. Não é este o caminho da solidariedade e da justa distribuição.

Como medida positiva considero a informação recorrente do número de desempregados e o integrar de “todos” os professores contratados - aguardarei (curiosamente) pela sua efetiva operacionalidade face às particularidades do Estatuto da Carreira Docente.

Medidas pobres são, por exemplo, algumas das constantes na área do mar, da energia, da transição digital e da ciência e investigação. Em tempos elogiei a criação da pasta governativa para a transição digital, porém a expectativa da forma foi defraudada pelo conteúdo.

Desgovernamentalização?

E a promessa de desgovernamentalizar? A (dita) independência da nova “Autoridade Regional de Saúde” é uma miragem. Para quem proclama a independência o caminho a seguir seria o de submeter à votação parlamentar a sua constituição.

E os custos para o erário público?

O XIII Governo é o maior e mais oneroso da Autonomia. Dos secretários à composição de gabinetes. Onde está a condenação dos lestos face ao custo dos cargos políticos? Ou a contestação é lenta quando o pecado está na “sua casa”?

O primeiro passo de um Governo de 4 anos e do PS como opositor

Este governo dificilmente não chegará a 2024. O “perfume do poder” encanta, basta ver o volume de nomeações e a criação de organismos.

O Grupo Parlamentar do PS esteve, maioritariamente, bem no debate, mas importa virar a página.

Vasco Cordeiro destacou-se da maioria dos líderes parlamentares, pela sua oratória e postura respeitadora. Os próximos tempos serão de um PS orgulhoso do seu percurso, combativo e humilde no presente e ambicioso para um outro futuro quando os Açorianos assim o entenderem.

Para este combate difícil, o debate e reflexão dos militantes sobre a ação futura do PS exigem-se. Os Açores precisam da ação do PS.