Na passada semana discutiu-se e votou-se o Programa do XIII Governo dos Açores. Como açoriano que valoriza uma verdadeira ação política para o bem comum desejo sucesso aos intervenientes que têm a responsabilidade de gerir os destinos da nossa Região nesta Legislatura. Ao contrário daquilo que procuraram os que hoje governam, não é o insucesso dos nossos adversários que valoriza a ação de um partido. Pelo contrário, é a forma e o conteúdo da sua própria ação política que devem estar no centro da análise.
Sobre o conteúdo do documento é fácil resumir: devido à pressa com que foi elaborado, devido àquilo que os extremistas tiveram de engolir e devido àquilo que os partidos moderados tiveram de abdicar é um Programa de Governo que dá para tudo e ao mesmo tempo para nada. O seu conteúdo vago e pouco concreto será justificação para uma coisa e para o seu contrário sempre que em causa estiver a manutenção desta solução de Governo.
Já sobre a forma como apresentaram e defenderam o seu Programa considero que há muito mais a dizer. Quem assistiu à última sessão plenária deparou-se com uma contínua dança vitoriosa dos vencidos.
O mote estava lançado e o tom foi claro: a humildade apregoada egocentricamente por quem hoje governa a Região rapidamente se transformou numa arrogância de quem, não sabendo perder, tinha acabado de atingir o seu primeiro e último objetivo eleitoral de tirar o PS do Governo. Aquele foi o momento de tentar intimidar e humilhar quem, mesmo vencendo as eleições, já não tem a responsabilidade de governar a Região.
Do alto de uma rasa sobranceria exigiam com o dedo em riste que quem venceu as eleições “bebesse o copo de água até ao fim” como se em democracia alguém tivesse a autoridade de assumir que “desta água não beberei”.
Era o mais importante. Era isso que lhes fazia ficar com um brilho nos olhos e com a gargalhada na ponta da língua. O que lhes estava a alimentar o ego político não era estarem a apresentar um Programa de Governo, era não ser o PS a apresentá-lo. O conteúdo do documento já não interessava, o importante era passar a ideia de que venceram, mesmo que tenham perdido o combate eleitoral. O argumentário político não residiu no seu próprio Programa, residiu numa contínua oposição ao PS e um claro ajuste de contas com o povo açoriano que não lhes dá uma vitória há 24 anos.
Por fim, e sendo esta a minha última crónica antes do Natal, quero desejar a todos os ouvintes e colaboradores desta rádio, mesmo com todas as condicionantes que o momento obriga, um Santo e Feliz Natal.