Opinião

O Ensino à distância…no retrovisor

Vamos lá ver...!...diria o nosso Primeiro, parafraseando-o eu. Se então consideram mesmo que não é coisa pouca aquilo que a Secretaria Regional de Educação tem feito, ou seja, "detetar e resolver algumas das principais carências do ensino à distância", que dizer então da autêntica revolução digital que o governo PS foi obrigado a implementar em tão curto espaço de tempo?! Que dizer da agigantada capacidade que o governo anterior não pôde deixar de ter para que, em menos de meia dúzia de imprevisíveis dias, se fizesse caber o desenvolvimento previsto para uma Era Digital?! O atual governo adquiriu então "337 hotspots de internet e deu instruções às escolas para disponibilizarem todos os computadores possíveis aos seus alunos" e depois assumiu, "ao contrário do anterior Governo Socialista, numa atitude de verdade e transparência, que não existem computadores para todos os alunos". Como?! E então a grande medida para o investimento informático foi nos hotspots?! Algum aluno, na governação anterior, ficou sem acesso à internet?! Então o governo anterior não forneceu os hotspots que o levantamento de necessidades indicou?! E até fica a parecer que também não indicou às escolas o empréstimo dos computadores disponíveis a todos os alunos deles mais necessitados!... E assumir que não chegam não é mesmo para sacudir a aguinha do capote diretamente para o capote da governação anterior? Desconhecem ou pretendem esquecer de que o ensino à distância não corresponde a dizer "ensino pelo computador"?!Desconhecem ou pretendem esquecer que o pré-escolar e o primeiro ciclo seguiram um aconselhável modelo de ensino à distância sem o suporte obrigatório do computador?!E o Governo PS não adquiriu e não distribuiu para empréstimo, com o máximo rigor, organização e num tempo record, 2520 computadores portáteis para os alunos da nossa região?! Compreendo perfeitamente, e é muito natural que assim seja, que se queira mostrar serviço e potenciá-lo ao máximo junto dos órgãos de comunicação social e, por consequência, junto das populações açorianas...Agora, para que isso se faça, é dispensável criticar quem muito mais fez, em circunstâncias muito mais adversas e em muito menos tempo. E depois outra questão: desburocratiza-se pedindo mais planos de trabalho aos docentes?!E a comunicação extra-aula deverá cingir-se ao horário de trabalho do docente?! E isso é mesmo facilitador ou, em vez disso, não será mesmo eleitoralista?! Só quem não está no processo, com as mãos na massa, é que poderá pensar que essa tão arrumadinha logística poderá mesmo funcionar na plenitude. Sem flexibilidade de horário docente para o ajuste indispensável na comunicação com os pais e alunos, tudo se complicará muito mais e pontes que se pretendem criar dificilmente acontecem junto de todos. E repito, junto de todos, porque é de todos que falamos, é a todos que temos de procurar abraçar, não deixando nem um aluno para trás pela contingência da pandemia. Outra questão, já formulada até diretamente à senhora titular da pasta: não havendo recurso aos telemóveis pessoais, ainda que naturalmente com a devida proteção da não identificação do número, como é possível que pelo menos os titulares e diretores de turma mantenham a proximidade e o contato sistemático junto dos seus alunos e encarregados de educação?!Ou será antes uma forma de obrigar a que os docentes fiquem mesmo na escola a marcar ponto ainda que eventualmente tenham os seus alunos em confinamento?! E a ideia dos sms's adquiridos para esse efeito, de que telemóveis sairão?! De algum geral da escola, que vai passando, aflitivamente, de mão em mão?! Será então isto que tudo facilitará?!Enfim, julgo ir sendo tempo de se governar sem os olhos pregados no retrovisor.