Até ao momento não existem ainda muitos estudos que quantifiquem o modo como a COVID-19 tende a ter um desfecho mais grave nas pessoas obesas. Contudo, vários especialistas referem que o confinamento agravou e irá agravar as taxas de obesidade e excesso de peso, problemática que assola o País há vários anos de forma bastante significativa na sequência de um modo de ser e estar tipicamente cultural.
Crianças que já eram obesas ou tinham excesso de peso antes da COVID-19, provavelmente viram a sua condição física piorar nos últimos meses de confinamento, segundo um estudo da Universidade de Buffalo (https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/oby.22861).
Os investigadores estudaram 41 crianças com excesso de peso de Verona, Itália, e descobriram que as suas dietas, padrões de sono e níveis de exercício foram todos negativamente impactados pelas medidas de confinamento.
Durante os meses de março e abril, as crianças estudadas estavam a comer uma refeição extra por dia, consumiram mais 'junk food' e carne vermelha e beberam mais bebidas açucaradas. Além disso, dormiam mais meia hora e passavam quase cinco horas adicionais à frente de um ecrã, todos os dias. Simultaneamente, a frequência do exercício caiu quase duas horas por semana, não sendo percetível qualquer alteração no regime habitual de consumo de vegetais.
Dizem os especialistas que a obesidade é atualmente uma pandemia muito mais letal que a provocada pela COVID-19.
Contudo, apesar de todo este entendimento especializado, a problemática da obesidade tem sido completamente ignorada pelo XIII Governo Regional dos Açores.
Existem duas provas disso mesmo.
A primeira prova reside no facto de o próprio Governo desde o seu nascimento, fruto de uma relação, como se costuma descrever nas redes sociais no mínimo "complicada", ter tido desde o seu início uma apetência natural para ter maus hábitos alimentares.
Com um agregado familiar disfuncional outra coisa não seria de esperar.
Tem engordado a olhos vistos com sucessivas nomeações para uma orgânica governamental que em tudo contraria a lógica defendida para o emagrecimento da Assembleia Legislativa Regional, sob uma suposta égide suportada na dita "confiança política".
Governando-se a si e descurando o governo de todos, este executivo governamental tem-se autoconfinado e engordado, chegando ao limiar da pré-obesidade, mostrando-se, por isso, pesado, letárgico nas suas intervenções, queixando-se insistentemente de muito trabalho, perfilando-se, assim, a ser um forte candidato para futuramente ser admitido no célebre programa "The Biggest Loser".
A segunda prova do ignorar da obesidade por parte deste executivo reside no seu programa de governo.
Ignorou por completo o trabalho realizado nos últimos 11 anos onde Portugal tem vindo a apresentar, consistentemente, uma tendência invertida nas prevalências de excesso de peso e obesidade infantil. Sobretudo no que diz respeito à Região Autónoma dos Açores.
Muitos falam nos problemas de saúde para lá da COVID-19, contudo, perspetiva de se fazer alguma coisa? Nada.
É que no que concerne às prevalências de excesso de peso e obesidade infantil, segundo os dados apurados na última ronda do COSI (Childhood Obesity Surveillance Initiative da OMS/Europa, coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge), entre 2008 (1ª ronda) e 2019 (5ª ronda), todas as regiões portuguesas mostraram um decréscimo na prevalência de excesso de peso (incluindo obesidade). Este decréscimo foi mais acentuado na Região Autónoma dos Açores, com uma diminuição de 10,7% (46,6% em 2008 vs 35,9% em 2019).
Estes resultados só foram possíveis graças ao investimento e trabalho realizado nos últimos anos no Serviço Regional de Saúde que muitos querem agora fragilizar e ou colapsar.
Todos estes ganhos podem ficar em risco se não for dada continuidade a esse investimento e a esse trabalho realizado.
É mesmo necessário que este governo deixe de ser negligente na ação e passe a ser excessivo na prudência sob pena de nos fazer sofrer com graves problemas de saúde.