E é isso mesmo! É pegar num estiletezinho daqueles, bem fininho, e enfiar muito jeitosamente pelo narizinho adentro da problemática da Educação nos Açores. É o princípio de tudo, meus amigos, a deteção desse terrível vírus tão responsável por tantas maldades. Não há vacina, não há cura, não há melhoras à vista, sem que antes se isole o abjeto, o ignóbil, o infame, o mesquinho, o vil, o ignominioso, o execrável, o hediondo, enfim, paro aqui, é melhor… imundo e asqueroso!, só para acabar mesmo agora… Dizia eu (até me perdi), não há melhoras à vista sem que uma profunda análise diagnóstica seja feita (e daí a zaragatoa!), que chegue mesmo ao cerne da questão, ou melhor, ao cérebro da questão. É que isso de traçar ótimos projetos de apoio e acompanhamento pedagógico é, na verdade importante, é claro que é importante, é claro que é muito importante, mas tenho eu mesmo sérias dúvidas que realmente seja assim… que sem o infame cercado, se consiga vencê-lo. Tal e qual! Usemos a zaragatoa e estou certo, sim estou certo, de que aquilo que dirá, na verdade, é que o vírus não se aloja nas dificuldades cognitivas da aprendizagem do português, da matemática ou das ciências, mas sim no peito, bem no seu interior, no bater do coração, do que vai acontecendo pela vida particular de cada um dos nossos alunos.
Mais do que desiludido com o insucesso de certos alunos após tanto esforço e de tantos, em seu redor, mais do que desiludido, dizia, o que sempre estive foi muito surpreendido, espantado, mesmo, com o sucesso de muitos outros. Temos crianças com enormes capacidades de aprendizagem na nossa região, e nem pensar que com menos capacidades do que outras crianças de outras regiões do país ou além-fronteiras. A enorme dificuldade em saltarmos dos constantes últimos lugares das estatísticas da Educação e de, efetivamente, treparmos as tabelas, não reside já no interior dos muros da escola. O que é fantástico, diria eu, é que algumas crianças, muitas vezes sem qualquer pequeno estímulo, o consigam mesmo assim. O que é fantástico é que algumas crianças, sem o garante diário de algum conforto e de condições mínimas de bem-estar, ainda assim se agigantem.
Façamos o teste. E não mais dos escolares, que aqui fique bem claro, sejam eles formativos sejam eles sumativos. Façamos mais testes de diagnóstico aprofundado, de zaragatoa p’ra cima, e então constatemos que o investimento é agora, quase todo ele, na área social. É garantindo um bem-estar social a todos que obteremos o verdadeiro salto qualitativo dos resultados escolares dos nossos alunos. Preparemos muito melhor a terra que depois a semente e o cultivador darão claras mostras do seu trabalho, verão finalmente o seu trabalho a florir em fulgurante esplendor.
E aqui quis chegar. Não abandonem às sortes quem pouco tem. Seja com que programa social de apoio for, ou com que nome o quiserem batizar, não abandonem à lotaria da sorte quem quer um dia sair do buraco onde a sua vida se encontra. É preciso consciência de que sem ajuda, tenha ela o modelo que tiver, ainda há muito açoriano que só se vê afundar, ainda que procure lutar, ainda que procure a sua oportunidade de vida. E os seus filhos são seus filhos, novos e verdejantes rebentos das árvores. Mas ainda que novos e verdejantes, ainda que resistentes e capacitados, dificilmente não acabarão por ficar pelo caminho no percurso escolar que se quer longo e alavancador, como agora parece ser da praxe se ir dizendo, reiteradamente, como se isso, por si só, a eloquência, fosse resolver algum problema de raiz.