Amanhã assinala-se o Dia Mundial do Cancro. Uma iniciativa criada no ano 2000 e dinamizada anualmente por diversas entidades, pretende, através da consciencialização da população, da introdução de hábitos de vida saudáveis, da educação, da intervenção individual, criando sinergias coletivas e com a respetiva sensibilização governamental, procurar paulatinamente inverter um rumo, modificando um mundo e uma atualidade onde milhões de mortes causadas pelo cancro possam ser evitadas e a acessibilidade aos cuidados de saúde melhore, afim de combater um dos maiores desafios da nossa história.
É conhecido o impacto que esta doença tem também na Região Autónoma dos Açores. No sentido da sua prevenção, ao longo das últimas décadas na Região, foram criados quatro rastreios organizados:
- ROCCA - Rastreio Organizado do Cancro do Colo do Útero nos Açores;
- ROCMA - Rastreio Organizado do Cancro da Mama nos Açores;
- ROCCRA - Rastreio Organizado do Cancro do Cólon e Reto nos Açores;
- PICCOA - Programa de Intervenção no Cancro da Cavidade Oral nos Açores.
Estas iniciativas, pese embora o seu potencial de melhoria, modificaram indelevelmente o modo e a forma como se encara e combate esta doença.
E valendo o que vale, são programas que pese embora a nossa realidade arquipelágica, são exemplares a nível nacional. Realço este aspeto porque maioria das vezes existe a grande tendência de referir que o que é feito lá fora é que é bom. Neste aspeto, muito longe disso. Estamos melhores. O mais recente de todos, o PICCOA, é um excelente exemplo disso mesmo.
Na calha estava, e deverá indubitavelmente estar, um novo programa de rastreio de extrema importância e adequação à realidade Açoriana: o rastreio do Cancro do Pulmão.
Constituindo-se como verdadeiros e genuínos programas de Saúde Pública, foram e serão os responsáveis pela deteção e prevenção do surgimento de milhares de casos de cancro na Região.
Sendo conhecida como uma doença silenciosa, há todo um trabalho e empenho, também ele silencioso, levado a cabo por profissionais e entidades para que o desiderato constante no primeiro parágrafo deste texto chegue a bom porto.
Desde todos os profissionais de saúde que no Serviço Regional de Saúde diariamente combatem este flagelo, passando pelo importantíssimo papel desempenhado pelo Núcleo Regional dos Açores da Liga Portuguesa Contra o Cancro, gostaria de realçar o papel fulcral do Centro de Oncologia dos Açores (COA) e do Conselho Consultivo para o Combate à Doença Oncológica nos Açores (CCCDOA).
São décadas de trabalho. Décadas.
Trabalho que não é feito de forma alguma para alcançar qualquer estrelato, mas sim trabalho que é feito porque são pessoas que sabem qual o impacto que esta doença provoca e porque querem mesmo que a sua incidência diminua.
Tive a oportunidade e felicidade de ver e de trabalhar in loco com estes profissionais e estas entidades, com estes seres, verdadeiramente humanos.
Tive a oportunidade de percecionar os seus desejos e anseios cujo foco principal e primordial consiste em proporcionar maior qualidade de vida a outros que não eles.
E se por vezes esses desejos e anseios traziam consigo algum calor em intensidade, esse calor é próprio de quem vive, de quem sente e de quem quer fazer e quer que se faça melhor. Próprio e intrínseco a qualquer e toda a dinâmica entre o saber estar, saber ser, saber fazer e saber saber.
Sem querer de modo algum minimizar ou menosprezar o trabalho de muitos, ao Dr. Raúl Rego, Dr. Vítor Rodrigues, Dr. Rui San-Bento, Dr. Ricardo Cabral, Dra. Marisa Lobão, Dra. Andreia Coelho, Dra. Gizela Rocha, Dr. Óscar Reis, Dr. Fontes e Sousa, Dra. Natacha Amaral, manifesto o meu enorme respeito e admiração por todo o trabalho desenvolvido.
A todos os que diariamente lutam para que eu e os meus tenham um futuro melhor, prevenindo o cancro, o meu sincero e profundo obrigado.
A todos os doentes, familiares, amigo(a)s e companheiro(a)s muita força!