Neste período de funções do novo Governo Regional dos Açores, no meio de tantas confusões, indecisões e trapalhadas em tão pouco tempo, há um momento, protagonizado pelo Secretário Regional da Saúde Clélio Meneses, que não esquecemos e que marca, de forma muito negativa, o debate político e o que se espera da postura política de um membro do governo.
A tal nunca tínhamos assistido!
Numa audição em Comissão Parlamentar de Assuntos Sociais do Parlamento dos Açores, após uma pergunta legítima e normal do Deputado do PS Açores Tiago Lopes sobre um infeliz óbito vítima de Covid-19 em Rabo de Peixe, na Ilha de São Miguel, Clélio Meneses respondeu da seguinte forma: "Lamento que alguém que foi responsável pelas 12 mortes no Nordeste venha agora colocar uma questão isolada nos termos em que colocou".
Esta forma grave e alarve em que se acusa quem desempenhou funções como Director Regional da Saúde e Autoridade de Saúde Regional na anterior legislatura, é muito clara sobre a postura e agenda política do novel Secretário Regional da Saúde, extensível a vários dos seus colegas de Governo: desmerecer o passado, inventar problemas e cenários negativos sempre com meias verdades e nalguns casos falsidades e promover assassinatos de carácter, passando todos os limites aceitáveis no debate político, como aconteceu nesta Comissão Parlamentar.
Além disso, é uma forma leviana de utilizar o mais triste e infeliz momento que um ser humano pode enfrentar, como arma de arremesso político.
Quem desempenha funções políticas tem hoje, mais do que nunca, a obrigação de qualificar a democracia e promover debates francos, intensos e assertivos sobre as soluções para o futuro dos Açores, mas sem que isso resvale para este tipo de registo.
A área da Saúde é central nos dias que correm e fundamental para o futuro.
O Partido Socialista fez o trabalho que fez nesta área, com muitas virtudes e ganhos em termos de infraestruturas, de equipamentos, de recursos humanos e de evolução na qualidade dos cuidados prestados, mas certamente também com erros e com questões que poderiam ter corrido melhor do que correram. É assim, como em tudo na vida. Nada é perfeito e ninguém é dono da verdade absoluta.
É, por isso, fundamental manter o foco e garantir que esse caminho de melhoria continua.
Infelizmente, tememos que a obsessão contra o Partido Socialista e a postura revanchista e persecutória que temos verificado, possam condicionar a clarividência que um sector como a Saúde exige, para o presente e para o futuro.
Ora, será o Senhor Secretário da Saúde Clélio Meneses o responsável pelos treze infelizes óbitos vítimas de covid-19 que ocorreram após a tomada de posse do novo Governo Regional?
Na lógica do próprio, sim.
Na lógica do bom senso, da responsabilidade e da seriedade política, obviamente que não.