Opinião

Ponta Delgada, a cidade adormecida que precisa acordar

Ponta Delgada é uma cidade adormecida, não desde 6 de março de 2020, dia do primeiro caso da COVID-19 identificado nos Açores, mas desde há muitos anos. O mandato atual começou em outubro de 2017. A pandemia em março de 2020. O PSD é governo em Ponta Delgada desde o século passado, logicamente sufragado pelo voto do povo. A COVID-19 redirecionou recursos e ações, é certo. Mas, como é visível, muito para além desta pandemia, Ponta Delgada estava sem ação estratégica, limitando-se à gestão diária, ao apoio pontual, às mesmas ações, algumas até do século passado. Perante a crise sanitária fez bem a autarquia agir e acudir, aliás, como os Governos Regionais e outras autarquias, porém, nada mais fizeram que não a sua obrigação. A cidade que temos e onde vivemos, é por ausência de uma estratégia política determinada e ambiciosa e não pela crise sanitária COVID-19, como o executivo camarário nos quer fazer crer. Falta afirmação estratégica para posicionar Ponta Delgada como uma cidade inclusiva, sustentável, empresarial e global. Quer olhemos para a reabilitação urbana e rural, em harmonia com a ecologia; ou para uma necessária conciliação solidária intergeracional e coesa; ou para uma cidade aberta à investigação, à tecnologia, para a criação de emprego qualificado; ou simplesmente, para uma emergente alteração à recolha efetiva dos resíduos urbanos e majoração da reciclagem ou às acessibilidades privilegiando o acesso pedonal, a conclusão é a de que a gestão política de Ponta Delgada está a falhar. Se falha o rumo para Ponta Delgada, falhamos também nós cidadãos, que não potenciamos os nossos deveres e regredimos no nosso direito à qualidade de vida. Uma gestão política ambiciosa e coesa, que mobiliza e incentiva à participação dos cidadãos, transforma e mobiliza toda a cidade. A ausência de afirmação estratégica, este sono induzido, retrai o investimento privado e incentiva o despovoamento em Ponta Delgada. É preciso acordar Ponta Delgada já hoje! para uma cidade com mais pessoas, mais diversidade cultural e mais emprego, porque o amanhã é tremendamente desafiante.