Eu acredito na política. Acredito no verdadeiro trabalho público em prol de todos e por isso sou muito respeitador das instituições democráticas sejam elas lideradas por quem for, independentemente de concordar, ou não, com as decisões que as pessoas que as representam legitimamente tomam.
Em Democracia é assim, há pessoas responsáveis pela gestão da coisa pública que dentro dos seus ideais e das leis têm a responsabilidade de decidir pensando no bem comum. Não faz sentido que seja de outra forma e devemos sempre lutar para que assim continue.
Uma das conquistas que o povo obteve com a Democracia foi a oportunidade de livremente escrutinar todas as decisões políticas que são tomadas pelas instâncias governativas e um verdadeiro democrata não pode nem deve dificultar o acesso do povo a estas tomadas de decisão. Quando se restringe o acesso a essa informação dá-se passos de gigante para trás na transparência e na relação entre o poder político e quem os elege.
Uma das boas medidas em prol da transparência levadas a cabo pelos Governos do PS nos Açores, entre outras, foi a comunicação oficial e pública de todas as decisões tomadas em reunião de Conselho de Governo. Todas, sem exceção! Não há decisão tomada num Conselho de Governo que não tenha influência no dia-a-dia das pessoas, das famílias e das organizações e dar a conhecer estas decisões a todos é um bom exemplo do respeito que os decisores políticos devem ter perante quem os elegeu.
De uma forma mais direta, e claro, na minha opinião, os Governos têm a obrigação de dar a cara em tudo aquilo que decidem.
Vem isto a propósito de uma informação do atual Governo Regional sobre a decisão de que tudo o que é deliberado em Conselho de Governo, que é por definição quem tem a responsabilidade de decidir a orientação geral e politica do Governo, deixa de ser comunicado publicamente e quem quiser conhecê-las terá de as ir procurar.
Ou seja, “bem prega Frei Tomás”. Quem apregoava transparência e proximidade da governação ao povo chegado ao poder o que faz é deixar de comunicar o que decide. E mais, os partidos que diziam que havia falta de democracia nos Açores e que agora suportam este Governo, ficam impávidos e serenos perante tamanho retrocesso democrático na nossa Região.
Será que têm receio do que estão a decidir? Ou pior, será que não estão a decidir? Confesso que esta transparência opaca me deixa na dúvida.
(Crónica escrita para Rádio)