Opinião

Candidatos à força!

O PSD, de cá e de lá, tem pautado a sua ação por tiros nos pés que, de tão surreais, conseguem tirar do sério até o eremita que vive no sítio mais recôndito do mundo. O último episódio tem como enredo a escolha, para cargos internos e externos, de candidatos. Há candidatos que são obrigados a recuar. Há um candidato que é obrigado a voltar onde não queria. Há candidatos de cá escolhidos por lá. Há candidatos de lá que foram anunciados para cargos que não decidiram se querem. Há candidatos de cá, escolhidos por lá, que não sabem se podem ser candidatos. Há candidatos a candidatos que não foram falados cá e que já estão a fazer barulho cá e lá. Há candidatos de lá já anunciados e que já se “puseram ao fresco”. Há candidatos de lá contra o Presidente de lá. Há candidatos de lá que são apontados a sucessores do Presidente de lá. Há candidatos de lá contra as estruturas locais. Há candidatos de cá que não se sabe a posição das estruturas de cá.

Há candidatos de cá, já anunciados, que ainda não sabem o número de partidos pelo qual serão cabeças de lista. Há, em síntese, uma grande salgalhada de tipos de candidatos. A confusão está instalada nas hostes “laranjas”. De cá e de lá.

Num caso (lá) por ação pública extemporânea.

E noutro (cá) por omissão de reação ao atropelo às competências regionais, a que se deve juntar a intervenção de terceiros no “arranjinho terceirense”. Mas como tudo isto é complexo, decidi esmiuçar a “caldeação” que para aqui vai.

Para o efeito, convido o leitor a centrar-se no essencial: a parte do enredo que diz respeito aos Açores. E, para facilitar, dando corpo à terminologia aqui utilizada, optei por dor dividir a análise em 2 atos. Ora veja lá:

I – PSD de lá

O PSD de lá, através do companheiro José Silvano (secretário-geral), numa conferência de imprensa convocada para o efeito, anunciou “uma lista de 101 nomes homologados pela Comissão Nacional como candidatos a presidentes de câmara” nas próximas eleições. Estranhamente, ou talvez não, no rol anunciado incluem-se os municípios da Ribeira Grande, Nordeste e Madalena.

Ficamos, portanto, a saber que os atuais autarcas serão (?) recandidatos. E também, à contrário, que o PSD de lá não quer a atual autarca de Ponta Delgada como candidata a continuar no cargo.

Ou, no caso de Ponta Delgada, pela sua dimensão e peso, já será assunto para decidir cá? E nos outros 15 municípios, quem decide? Os de cá ou os de lá? Os dirigentes de cá não vão dizer nada publicamente aos de lá? E aos Açorianos, por quanto tempo mais se farão de “mortos”?

II – PSD de cá

O PSD de cá, tal como previra em artigo de opinião recente e intitulado de «Uma aventura do

“rapazinho” Clélio» e em que terminava dizendo que devíamos aguardar pelos novos capítulos, evitou um previsível colapso no executivo. É certo que a apregoada autonomia de cada ilha e a liberdade de cada militante foi chutada para canto, mas a situação era explosiva. O desequilíbrio de forças em contenda era gritante. Urgia evitar um haraquíri público do secretário com maior exposição mediática. Ter alguém fragilizado por um resultado demasiado pesado era um risco tremendo. Por isso, foi necessário arquitetar uma estratégia que salvasse a honra do peso pluma e não insuflasse ainda mais o vencedor antecipado. E nada melhor do que ir buscar um “senador reformado”, mais próximo de um do que do outro, e atribuir 2 cargos dirigentes aos “amigos de sempre”. A história continuará... Mas agora apenas no recato privado dos Conselhos do Governo!