Nestes primeiros cem dias o governo esteve em estado de graça, ou seja, num período temporário em que, tradicionalmente, o povo dá o benefício da dúvida a quem chega ao poder, mesmo da maneira que foi.
Muito embora os titulares dos cargos políticos neste novo arranjo tudo façam para evitar o contraditório, usando a “armada” do costume, não se livram, nem se podiam livrar, das críticas que começam a surgir em diversos sectores.
Repare-se.
A gestão da pandemia tem sido irregular, ou seja, por vezes não se consegue perceber os critérios usados, nomeadamente para criar as cercas sanitárias, para as suspender e para as criar logo de seguida. Retira-se a obrigatoriedade dos testes à saída de S. Miguel para as outras ilhas e daí a uns dias, voltam os testes.
A questão da identificação, por georreferenciação, das moradias dos cidadãos infetados na Vila de Rabo de Peixe foi um erro colossal que merecia um pedido de desculpas à população daquela freguesia, mas, mais uma vez, o governo abotoa-se até cima e evita o assunto como se este ato fosse uma coisa sem importância.
Como é conhecimento geral, o Governo Regional preparou para o período de Carnaval um conjunto de medidas no sentido de reduzir os contatos sociais dos Açorianos em todas ilhas, proibindo, neste período, todas as manifestações tradicionais, em locais públicos ou privados
Essas medidas, plasmadas em Decreto Regulamentar Regional (1-E/2021/A), previam o encerramento de todos os estabelecimentos não essenciais, entre outras.
Pese embora todo este esforço em conter a disseminação do vírus SARS-COV 2, os Graciosenses foram surpreendidos com a marcação de um jogo de futebol, em atraso, do Campeonato de Futebol dos Açores 2020/2021, entre o Marítimo (da Graciosa) e o Operário (de S. Miguel), para o dia 14 de fevereiro de 2021 (realizado no dia seguinte por dificuldades nos transportes), jogo este que implicou a deslocação de cerca de 20 pessoas de uma ilha de alto risco para uma ilha de baixo risco, precisamente num dos dias em que o Governo Regional resolveu restringir atividades, fechar estabelecimentos e reduzir a circulação de pessoas.
A eficácia das medidas anunciadas estará sempre dependente do comportamento dos Açorianos, que por vezes baixam a guarda, mas as entidades públicas devem criar medidas em conformidade e pugnar pelo seu cumprimento, acompanhando a sua execução e fiscalização.
Acredito que #VamosFicarTodosBem, mas pede-se mais coerência, para bem de todos nós.