Opinião

Nómadas digitais, uma oportunidade potenciada pela pandemia

O trabalho digital remoto ganhou nos últimos anos uma maior projeção e até necessidade. Grande parte da nova geração que trata o digital “por tu”, rapidamente percebeu que é possível aliar qualidade de vida ao trabalho em qualquer ponto do mundo.

Hoje, as oportunidades com base digital transformaram o modo de vida, e vai muito para além do já conhecido teletrabalho, emergindo para o trabalho remoto, permitindo viajar e a partir de qualquer ponto do mundo trabalhar - são os nómadas digitais, que viram na crise sanitária uma oportunidade.

Em dezembro passado a Madeira lançou a iniciativa Digital Nomad Madeira, que “visa atrair trabalhadores remotos de todo o mundo para o arquipélago, onde poderão desfrutar de uma nova infraestrutura criada a pensar neles, onde existem desde espaços de trabalho, locais de atividades e de comunidade”.

Os Açores têm todas as condições para se afirmarem como um espaço natural de trabalho remoto conjugando o lazer e a qualidade de vida. A política de emprego e de mobilidade de cidadãos deveriam suscitar esta oportunidade em qualquer uma das nove ilhas, com um programa regional de estímulo à entrada de trabalhadores digitais remotos com foco na digitalização da economia e simultaneamente mitigar o despovoamento.

Iniciativas digitais são mais do que distribuir computadores e do que agilizar procedimentos que passam do papel para os bits. É certo, que as iniciativas referidas são positivas, mas devemos aproveitar este momento de desafio à escala universal, possivelmente um dos primeiros deste século, não só para iniciativas costumeiras do passado, mas tantas outras focadas no presente e futuro, tais como a aceleração e transformação digital nos processos e sobretudo nos comportamentos sociais.

As cidades também deviam de aproveitar esta oportunidade para se afirmarem. Ponta Delgada deveria liderar, enquanto capital Açoriana do nomadismo digital, potenciando as acessibilidades aéreas e marítimas, a universidade e as infraestruturas tecnológicas existentes.