Este mês a Assembleia irá apreciar e votar o Plano e Orçamento da Região para o corrente ano. São sem dúvida alguma os documentos mais importantes que aquela casa analisa. Mais importantes se tornam por serem o primeiro orçamento que esta coligação de cinco partidos negociou. Não haja dúvidas, é um orçamento que terá de agradar aos cinco.
Bem sabemos que os programas eleitorais, em certas áreas, eram antagónicos e quem tiver o cuidado de fazer uma breve leitura destes documentos facilmente comprovará isso.
Mesmo assim, não tenho qualquer dúvida que mesmo com todas essas contradições ele será aprovado. Será aprovado, não por ser um bom orçamento, não por ser um orçamento que responda às verdadeiras necessidades que a nossa Região atravessa e irá atravessar, mas por ser um orçamento de subsistência do atual Governo. Este é claramente um orçamento de subserviência a todos sobretudo aos mais pequenos.
A prioridade está definida e a passadeira está lançada. Está tudo feito para que nenhum dos cinco se lembre de puxar o tapete a meio do percurso. E para isso basta engolir tudo o que disseram antes das eleições.
Vejamos apenas três fatos: antes das eleições achavam que havia Governo a mais nos Açores, mas vão aprovar o orçamento que firma o maior Governo da história e que só em nomeações políticas custam mais dois milhões de euros por ano; durante anos gritavam que havia demasiado PS nos seus Governos, mas diminuem os cargos de dirigentes da administração publica por concurso voltando a dar a coordenação da função pública nos Açores às sedes partidárias como era antes de 1996; gritavam em todos os lados que a dívida da Região era descomunal, diziam cobras e lagartos das finanças regionais, mas vão fazer dois novos empréstimos que ascendem a cento e setenta milhões de euros e tem receita extraordinária que transita do saldo do último orçamento… Afinal não era bem como eles diziam.
Mas como disse, não tenho dúvidas de que este orçamento será aprovado. A minha dúvida é se este é o orçamento que os Açores precisam agora. Se é o orçamento que, mantem a estabilidade das finanças públicas ao mesmo tempo que responde às necessidades na nossa economia.
Muito sinceramente, eu acho que não é… e não sou o único: o próprio responsável pelas Finanças já falou de um possível orçamento retificativo. Ou seja, já pensa em corrigir os seus próprios documentos mesmo antes de eles serem votados.
É assim que nos vão governando.
(Crónica escrita para Rádio)