Seria cómico, se não fosse um trágico atropelo cultural a comprometida transferência do bovino de raça anã do Museu Carlos Machado para o Corvo.
A relação entre esta transferência com o plano e orçamento do XIII Governo? bem, boa parte deste orçamento é a prova de vida deste governo ano após ano, o que certamente nem sempre coincidirá com a sustentabilidade social, ambiental, económica e financeira dos Açores, mas sim com interesses de permanência no poder.
O debate parlamentar da discussão do plano e orçamento para 2021(6 meses do ano) foi sectário, ríspido e contraditório e pouco de novo trouxe ao Açorianos.
Há, mais do que nunca, uma total impossibilidade no parlamento de uma discussão centrada nas áreas, nos seus desafios e futuras soluções.
O debate resvala sempre para a crispação e para o ataque partidário e até pessoal. Fala-se do passado, ora para culpar, ora para elogiar; ou para criticar o que antes se defendia, no outro lado do hemiciclo. Assim, não vamos lá. Este é o primeiro plano e orçamento elaborado e aprovado em tempos de pandemia e exigia-se uma postura diferente por parte dos deputados e governo. Exigia-se uma maior concertação a favor da enorme dificuldade que as empresas e famílias estão expostas e não a favor da permanência no poder.
O plano e orçamento regional de 2021, tem algumas notas positivas: 1) a boa medida do Vice-Presidente para a área do apoio aos idosos, mas será um mau sinal se deixar cair o Estatuto do Cuidador Informal, e para a infância, a isenção até ao 10o escalão nas creches; 2) a mensagem de António Ventura da “diversificação alimentar”, face à realidade da dimensão Açores numa Europa de agricultores franceses, isto para que caminhemos para uma soberania alimentar; 3) a abertura de quadros de ilha para os professores, mas que não resolverá a situação dos professores com contratos anuais e 4) o valor de 60€ da tarifa aérea inter-ilhas para residentes.
Nas restantes áreas da governação, exceção seja feita às Relações Externas e das Comunidades com uma postura construtiva, e ao Ambiente que ainda vive das medidas socialistas, assistiu-se a um vazio de medidas disruptivas e inovadoras para responder aos Açorianos e mudar paradigmas face às lições obtidas da pandemia. Preocupante. Muito preocupante.
Ah, e o bovino de raça anã? é a garantia política para mais uns meses de Governo, mesmo que fira a missão cultural e a dimensão regional do espólio museológico que é da Região Açores, e a esta cabe a garantia de bem preservar este e outros bens.