Na semana que agora termina assinalam-se duas datas marcantes.
O Dia Maior da nossa história contemporânea, "o dia inicial inteiro e limpo, onde emergimos da noite e do silencio, e livres habitamos a substância do tempo", nas palavras de Sophia, o 25 de Abril.
O 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, data que celebra as lutas pela igualdade, pela dignidade humana e pelos direitos dos trabalhadores, com origem no final do século XIX nas ruas de Chicago e que se perpetuou até aos dias de hoje. Em Portugal, só depois da revolução de Abril é que se voltou a comemorar livremente o Dia do Trabalhador, devido à repressão e censura do Estado Novo.
São icónicas as imagens e os discursos das comemorações do 1º de Maio em 1974, poucos dias depois da revolução.
É justo reconhecer o esforço, a persistência, a luta e o trabalho dos movimentos sociais e partidários que nos permitem viver em liberdade e exaltar e praticar os princípios progressistas que consubstanciam as comemorações do 25 de Abril e do Dia do Trabalhador.
Neste âmbito, teve um papel crucial o Partido Comunista Português, na luta, na persistência e na resiliência que nos permite viver em Liberdade e Democracia.
É angustiante, mas motivo de grande respeito e reconhecimento, ver os exemplos de gente que abdicou de tudo, da sua vida, da sua família, dos seus filhos, dos seus pais, para viver na clandestinidade, numa luta desigual, contra o monstro da ditadura, sem nunca vergar ou hesitar.
Independentemente das divergências históricas ou da visão e das leituras passadas ou contemporâneas sobre a acção deste partido, é inquestionável que devemos muito da nossa liberdade ao PCP.
Uma sociedade ocidental progressista, defensora da igualdade, da dignidade humana e da protecção dos mais desfavorecidos, precisa da agenda política do Partido Comunista. Nos Açores não é diferente.
A Democracia Açoriana precisa muito de um PCP forte, activo, organizado e presente, que sempre acrescentou muito ao processo de construção da nossa Autonomia Democrática. Se no passado foi determinante nas conquistas e progressos sociais que conseguimos, hoje, noutro tempo, há ainda muito por conquistar.
Relembramos, por isso, o excerto inspirador do discurso de Álvaro Cunhal, proferido ao lado de Mário Soares, no 1º de Maio de 1974: "Unidade dos trabalhadores. Unidade do povo. Unidade de comunistas, socialistas, católicos, liberais (a frente unitária que vem do tempo da ditadura) unidade de todos sem excepção nesta hora decisiva para o futuro de para consolidar os resultados históricos alcançados com o movimento do 25 de Abril e nos seis dias desde então decorridos. A classe operária, as massas populares são uma força imensa, mas precisam de estar organizadas. É necessário, indispensável, decisivo, organizar (e organizar rapidamente) essa força imensa das massas populares. O Partido Comunista Português saúda os novos e grandes passos dados em poucos dias pelo movimento sindical, que é já um grande e poderoso movimento dos trabalhadores, livre e independente. Saudamos o movimento democrático, grande força organizada de carácter unitário, e o seu veloz desenvolvimento, movimento cujas estruturas actuais são indispensáveis ainda para assegurar o progresso da democratização da vida nacional. Em nome do P.C.P., a todos vôs camaradas, amigos e companheiros, daqui faço um apelo para que vos organizeis - para que vos organizeis rapidamente e em massa - no movimento democrático e nos partidos políticos."