Fim do estado de emergência e declarada a situação de calamidade para continuidade das medidas restritivas na ilha de São Miguel;
Regresso da censura;
Retoma das aulas presenciais na ilha de São Miguel para alunos do 1.º e 2.º ano do 1.º ciclo e 11.º e 12.º anos de escolaridade para preparação dos exames nacionais;
Abertura e encerramento de ATL's no espaço de horas;
Mais imbróglios por esclarecer com um cada vez mais confuso processo de vacinação.
Foi neste contexto que o Presidente do Governo Regional saiu na passada segunda-feira à rua numa das suas raras aparições públicas.
Após na terça-feira da semana passada o Presidente da República ter anunciado que não iria renovar o estado de emergência, na quinta-feira o Governo dos Açores anunciou que iria declarar a ilha de São Miguel em situação de calamidade pública e as restantes ilhas do arquipélago em situação de alerta.
Com a mais recente Resolução do Conselho do Governo regressam as questões legais em torno do combate à Pandemia provocada pela COVID-19.
Desde o uso obrigatório de máscara, passando pelo isolamento profilático, pela obrigatoriedade de realização de testes de despiste ao vírus SARS-CoV-2 nas restantes quatro "gateways" de entrada na Região que se encontram em situação de alerta, são várias as dúvidas que a população coloca relativamente à obrigatoriedade e cumprimento das medidas implementadas, não só pela legalidade das mesmas, mas também pela eficácia e eficiência de uma cidadania exigível a residentes e a não residentes.
Numa situação de desgaste físico e psíquico provocado pela Pandemia, junta-se a incoerência e incongruência de medidas por parte do Governo e de incompreensão das mesmas por parte da população.
A retoma das aulas presenciais na ilha de São Miguel para os alunos do 1.º, 2.º, 11.º e 12.º anos de escolaridade foi recebida com dúvidas e receios por parte de todos os envolvidos. Dúvidas e receios que se adensaram com o facto de estes alunos não poderem realizar intervalos e no caso dos últimos dois anos não poderem igualmente usufruir de refeições.
Não obstante, as referidas medidas, segundo o ofício dirigido às escolas por parte da Secretaria Regional da Educação, surgem de uma "determinação da Comissão Especial de Acompanhamento da Luta contra a Pandemia por COVID-19 nos Açores", quando a mesma não tem qualquer competência para tal...
Como se não bastasse, no espaço de horas o Governo contradiz-se em duas medidas: num primeiro momento, comunica a abertura dos ATL's na ilha de São Miguel para as crianças do 1.º e 2.º ano do 1.º ciclo e depois dá sem efeito essa mesma abertura; num segundo momento comunica que a vacinação dos professores não é prioritária e depois garante que o Plano Regional de Vacinação vai ser alterado para incluir docentes e não docentes.
Isto dito e feito por pessoas que clamavam por planeamento e preparação e que agora dizem que a gestão tem de ser feita permanentemente...
Isto sem esquecer a censura.
A censura feita à comunicação social.
Já havia sido feita por este governo e pelos partidos que o sustentam relativamente à oposição.
A tempo e horas questionou-se o Governo sobre qual o plano para festividades de Natal e de fim de ano; qual o Plano Regional de Vacinação; qual a estratégia para lidar com as novas variantes do vírus SARS-CoV-2; propôs-se a criação de uma comissão de acompanhamento que envolvesse todos os partidos políticos presentes na Assembleia Regional, mas nada foi bem aceite.
Tudo foi mal recebido.
Do mesmo modo como não foram bem recebidas as notícias na comunicação social e determinados "posts" nas redes sociais.
Em qualquer dos casos, quer na intervenção política, quer na intervenção da comunicação social, quer na intervenção individual do comum cidadão, a postura do Governo foi arrasadora no que diz respeito à formação de qualquer opinião.
Na ótica do Governo Regional não são aceites artigos de opinião, notícias com "mensagens negativas", "posts" em redes sociais.
Isto já era evidente pela postura de membros do Governo em debates e reuniões no âmbito da Assembleia Regional.
Contudo, atinge um extremo inacreditável e inaceitável quando membros do Governo despendem o seu tempo a responder contrariamente ao comum cidadão nas redes sociais e despendem o seu tempo de antena com censuras em conferencias de imprensa.
Por tudo isto o Presidente do Governo foi incitado a sair do Palácio de Sant'Ana.
Por tudo isto o Presidente do Governo deu um ar de sua graça na passada segunda-feira.
E na sua "graça", como é seu apanágio, levou "no bolso" meia dúzia de "palavras caras" ou de citações para se espraiar.
O Governo está a ser negligente na ação e o juízo, dado à população, tende a ser feito.
O prometido não está a ser cumprido.
O que é dito é desdito.
É necessário mais e melhor do que expressões em latim de trazer de casa.
Mas se for em latim que este governo poderá perceber a mensagem, então:
"Errare humanum est, perseverare autem diabolicum"
Ou seja:
Errar é humano, permanecer no erro é diabólico. Já o dizia Santo Agostinho.