Há em São Miguel movimentações de revolta em resultado da situação sanitária, económica e social.
Hoje o que se vive é bem diferente de há um ano. Na gestão da crise sanitária, o elemento surpresa esvaiu-se e existem instrumentos, tais como a vacinação, a informação e os testes, que nos permitem programar intervenções e procedimentos.
É pela existência do fazer o mesmo perante situações diferentes, que estamos a assistir a intervenções políticas de partidos e de um movimento de cidadãos.
Nos últimos dias, os deputados Vasco Cordeiro e Nuno Almeida e Sousa enviaram cartas ao Presidente José Manuel Bolieiro. Na essência ambas alertam para o grave estado de São Miguel confinado. O deputado da Iniciativa Liberal ameaça com o seu voto parlamentar; o líder do PS, com conhecimento em primeira mão na matéria, alerta para aquela que é uma gestão que não está a produzir os resultados esperados. Penso hoje, que utilidade e oportunidade teria a proposta de criação por parte do PS de uma comissão Eventual para acompanhamento da Covid-19 apresentada há meses, se a mesma tivesse sido aprovada.
Aprecie-se ou não o PS ou o seu líder, foi um Governo Socialista que lidou com esta pandemia nos seus primeiros dias, com toda o elemento surpresa que a mesma comportou. José Manuel Bolieiro deveria ter-se aconselhado com Vasco Cordeiro; e Tato Borges com Tiago Lopes. Não há mal algum. A saúde pública dos Açorianos está em primeiro lugar (mais do que palavras, exige-se demonstração).
Afirmar a centralidade do parlamento é ouvir todos os partidos e não apenas alguns.
Foi notícia que um grupo de cidadãos criou um texto intitulado “Manifesto Açoriano pelos direitos fundamentais”, pedindo uma mudança de rumo para a gestão da crise sanitária e propõe oito medidas. Na generalidade concordo com o manifesto e estamos na presença de autores preocupados e interessados pelo desenvolvimento social, económico, financeiro e ambiental dos Açores.
A referência ao subtítulo “Capítulo 1” do documento, encaminha-se para uns próximos capítulos?
É mais que certo que algo no processo de gestão da pandemia em São Miguel não está a correr bem, contrariamente ao ocorrido em dezembro na Vila de Rabo de Peixe.
José Manuel Bolieiro é um político de consensos, pelo que esperava-se que envolvesse os partidos, associações e câmaras do comércio, sobre o estado que vivemos. Não o tendo feito, terá que recuar. E, penso que já será na próxima quinta-feira, antes que as movimentações revoltadas, se transformem em revolução.