Como repete um dos meus amigos mais queridos aos seus filhos: as desculpas evitam-se. Sábias palavras.
Já todos percebemos que a lua de mel terminou com a chegada da Primavera. O enamoramento, o encantamento, tudo se perdeu na espuma dos dias.
A aprovação dos documentos de planeamento colocou a nu as fragilidades, e, depois disso, o Governo mergulha na semana mais negra desde 25 de novembro.
Sucederam-se os atropelos. Sucederam-se os descontrolos. Sucederam-se os desgovernos. Acumularam-se as ausências.
Alertado por Vasco Cordeiro para a falta de critérios claros na vacinação nos Açores, com especiais reflexos na ilha de São Miguel, o Governo, dois dias depois, lança mão de uma campanha de vacinação massiva naquela ilha. Como "tudo o que nasce torto tarde ou nunca se endireita", correu muito mal. E como tudo o que corre mal neste processo, terminou no anúncio de um processo de inquérito e, pasme-se, com direito a processos disciplinares, antes mesmo da conclusão do inquérito. É de bradar aos céus!
Ainda não conhecemos o resultado do primeiro inquérito anunciado às IPSS´s, que conduziu à demissão, a pedido da própria, da Diretora Regional da Promoção da Igualdade, e já se avança com outro inquérito que mais não é do que "tapar o sol com a peneira".
Tivemos ainda a polémica do "boi anão" e da sua transferência para o EcoMuseu do Corvo. Um assunto gerido como nunca se viu. Não restam muitas dúvidas que o que precedeu a decisão da Secretária foram vontades políticas, ao arrepio de critérios técnicos. Mas mesmo neste assunto, de uma transferência definitiva, saltou-se para uma temporária e pelo meio falou-se em réplica. Afinal em que ficamos? Ficamos a conhecer o que pensam alguns sobre quem tem opiniões diferentes da sua. Só isso...
Chegados a quinta-feira, temos o momento de comunicação semanal do Governo sobre a pandemia. Um momento preparado pelos 3 protagonistas, em que o poder político, alegadamente, comunica decisões com base no entendimento técnico. Já muito foi dito e escrito sobre comunicação em momentos de crise. Já muito foi dito e escrito sobre a ineficiência deste modelo. O que é facto é que após esta comunicação foi dito e desdito muita coisa: afirmou-se a abertura dos ATL, em coordenação com a abertura das escolas para os primeiros e segundos anos, mas afinal, no dia seguinte, já não abrem; a vacinação dos professores não era prioritária, mas afinal, no dia seguinte, já é prioritária; foi censurado o trabalho da comunicação social, mas, no dia seguinte, a imprensa regional afinal é livre e até imprescindível. Mais uma vez, em que ficamos? Ficamos num desajeitado tenhamos fé, vai ficar tudo bem...
Para terminar a semana em beleza avançámos para a vacinação em massa no Faial. Um primor de organização, pelo que nos foi dado a conhecer, e estão de parabéns por isso. Mas fica por explicar porque avançámos a nove velocidades nas nove ilhas. É que, por exemplo, na Terceira as pessoas com mais de 70 anos ainda não estão todas vacinadas e já estamos a vacinar no Faial entre os 50 e os 60 anos sem patologias associadas. Que critérios seguimos afinal? Transparência? Só que não...
Depois deste comportamento errático começaram a surgir pais, professores, associações, sindicatos, partidos políticos, sociedade civil em geral indignados e manifestando a sua indignação ao Governo. E o Governo corre atrás do prejuízo. Está há 3 dias a tentar apagar os fogos que ateou a semana passada, desdobra-se em visitas e em reuniões. Agora é que é. Será que é?