Opinião

Observatório do Atlântico

O Mar dos Açores, no passado mês de abril, registou a assinatura do Memorando de Entendimento para a instalação do Observatório do Atlântico, na ilha do Faial, dando assim expressão à Resolução do Conselho de Ministros (nº172/2017) do Governo de Portugal, que propõe a sua instalação na Região Autónoma dos Açores.

Prevê-se que inclua a instalação de equipamentos de observação e monitorização, complementando sistemas de observação existentes e facilitando a recolha de dados que permitam fomentar as atividades marítimas sustentáveis, assim como desenvolver uma infraestrutura digital para recolha e agregação de dados relativos ao ambiente marinho do Atlântico, de âmbito internacional.

Numa primeira fase, será anunciado pelo Programa Crescimento Azul das EEA Grants, promovido pela Islândia, Liechtenstein e Noruega, e terá como objetivo a criação e operacionalização de um sistema integrado de observação oceanográfica que apoie a investigação e monitorização do Oceano Atlântico e funcione como um portal de acesso a dados, informações e serviços associados à bacia do Atlântico, com vista à proteção, investigação, monitorização e exploração socioeconómica das zonas marítimas do Atlântico.

O Observatório do Atlântico prossegue os objetos de:

  1. Dinamizar atividades de referência internacional nas áreas da investigação, monitorização e transferência de conhecimento sobre o Atlântico, nomeadamente do mar profundo, do mar aberto, mas também das zonas costeiras adjacentes, reforçando os atuais sistemas de observação e monitorização do Oceano:
  2. Estimular e promover, em conjunto, projetos que permitam aumentar o conhecimento sobre o Atlântico, nomeadamente, sobre o seu capital natural, vivo e não vivo;
  3. Contribuir para reforçar o emprego científico e o emprego qualificado em ciências e tecnologias do mar em Portugal;
  4.  Contribuir para o esforço nacional de mapear os fundos marinhos dos espaços marítimos sob soberania ou jurisdição nacional, incluindo a plataforma continental para além das 200 milhas náuticas;
  5. Reforçar a atividade de investigação e desenvolvimento (I&D) aplicada aos desafios da nova economia do mar, com especial atenção para as energias renováveis oceânicas, a aquacultura sustentável e outras atividades relacionadas com a “future seafood”, a biotecnologia azul e a bioprospecção, assegurando a ligação ao setor produtivo;
  6. Promover a investigação aplicada que contribua para a conservação e restauro dos ecossistemas marinhos e a observação, vigilância e monitorização das águas marinhas e do espaço marítimo nacional;
  7. Reforçar o conhecimento sobre as interações espaço-clima-oceano e sobre as alterações climáticas, designadamente através de estudos e observações in situ;
  8. Dinamizar atividades de formação avançada e especializada, em estreita colaboração com instituições de ensino superior, nomeadamente com a que integra o consórcio;
  9. Contribuir para a otimização operacional dos equipamentos e infraestruturas disponíveis para I&D, em terra e de acesso ao mar, nomeadamente, sob gestão dos membros do consórcio;
  10. Potenciar parcerias internacionais já existentes e a desenvolver, maximizando a posição geoestratégica de Portugal no Atlântico e a centralidade atlântica dos Açores e da Madeira.

Prevê-se que o Consórcio do Observatório do Atlântico envolva, desde já, a Universidade dos Açores, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, o Instituto Hidrográfico, a Associação para o Desenvolvimento do Air Centre, a Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental, a Associação para o Desenvolvimento e Formação do Mar dos Açores, o Fundo Regional de Ciência e Tecnologia dos Açores e a Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, tecnologia e Inovação, da Madeira. Contando ainda com a parceria internacional do Institute of Marine Research, Norwegian University of Science and Technology e University of Bergen, da Noruega, e o Marine and Freshwater Research Institute, da Islândia, bem como com o acompanhamento institucional dos Governos dos Açores e de Portugal.

A Universidade dos Açores ficou com a coordenação do processo visando, num prazo de noventa dias, proceder às ações necessárias à constituição do Consórcio do “Observatório do Atlântico”.

Foi lançado o desafio, para que possam ser tornados públicos, novos desenvolvimentos, nos próximos dias 3 e 4 de junho, nos Açores, aquando da realização da conferência “Cooperação Atlântica em Investigação e Inovação para um Oceano sustentável: Conferência Ministerial de Alto-nível e de partes interessadas”, promovida no âmbito da presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.

Muito bem!