À hora em que escrevo este artigo, no final de segunda-feira, os números indicam que quatro concelhos têm mais de 100 casos por 100.000. Segundos os critérios do Governo, não fica a ilha de São Miguel, já esta segunda, em alto risco? Sou sensível à pressão e solidária nas dificuldades que este Governo está a sentir, tal como no passado. Porém, este Governo não encontra acolhimento por parte de responsáveis políticos na área da saúde, que saibam gerir esta pandemia com 1 ano de idade, com lições e ensinamentos que transformam maio de 2020 muito diferente de maio de 2021. Têm sido dias difíceis para o Governo, mas ainda mais para as famílias e empresas. Uns cumprem as regras para combater a COVID-19, outros não. Numa semana há método e aplica-se, noutra o método não é aplicado. Perante estas circunstâncias, é preciso mudar. Só intervenções cirúrgicas com uma nova estratégia do Governo e cumulativamente a responsabilidade cívica dos cidadãos cumpridores e a punição financeira aos não cumpridores, se poderá continuar a nossa vida normal, nesta anormalidade. Para José Manuel Bolieiro estas situações devem estar a ser um martírio. Primeiro, Tato Borges com o selo da censura, depois Clélio Meneses, corajoso, desgastado e sozinho, com as suspeitas de terrorismo, sendo estas apressadamente desmentidas. Quando o Presidente do Governo vem lavrar a terra, é a prova de que essa mesma já não é fértil e de pouco vale adubar, não só pela saúde dos “solos”, como pela saúde mental, física, económica e financeira, de quem irá continuar a consumir o produto dos “solos”. Aguarda-se por reformulação no método de gestão da COVID-19, sem que se ceda a pressões políticas e sociais, mas sim com base em conhecimento científico e nas avaliações atuais epidemiológicas, com uma perspetiva geral e integrada pelo social, financeiro e económico.