Opinião

Não basta as mãos de um cirurgião esforçado - exige-se proficiência!

Da pandemia não há um culpado, um único responsável direto, com quem possamos ajustar contas de punhos bem cerrados e a apertar um pouquinho, com muito carinho, é claro, num colarinho já de si bem justinho aos gasganetes. Não há. Pelo menos creio eu, e assim pensará a humanidade em geral, hoje, sem arriscar mais do que isso. Penso eu de que. Alguém a quem possamos ir encaminhando até à barra de um tribunal, preferencialmente um que por todos conhecido como implacável, levado até lá por um bom par de calduços sempre que se enganar numa curva ou sempre que hesitar um pouco em seguir em frente, simplesmente. Não há. Penso eu hoje de que. Mas pandemia na rua e a coisa muda de figura. Quem tem o poder de mandar tem também, por inerência, que demonstrar competência em fazê-lo, caso contrário, tenha lá paciência, mas dê então a vez a outro. A colocar em título: perante tão sérias questões, não basta as mãos de um cirurgião esforçado - exige-se proficiência! E quem está nos comandos por alturas de crise, seja ela pandémica ou outra, sabe bem que assim é. É claro que todos devemos algum grau de compreensão para com o líder, mais ainda nestas horas do que em outras, desde logo porque afinal de contas são circunstâncias excecionalmente difíceis e para além disso, apesar de líder, é também ele um ser humano, não perfeito, portanto. Devemos. Devemos sim senhor. Mas num grau de compreensão. Nem o limite é o céu nem a terra é ilimitada. E já agora, só um brevíssimo aparte, ainda que sem mudança da agulha: garanto que me preparava para elaborar um artigo imbuído de outro espírito, com um registo muito mais estimulante e otimista. Efetivamente não consegui. Lá está. Então agora, até os deputados dos partidos que sustentam o Governo sentem a necessidade de vir a terreiro solicitar que, de uma vez por todas, se avance para um plano de recuperação das aprendizagens dos alunos confinados?! Retomando a analogia, diria que será assim como que se algum elemento da equipa médica desse, de passagem, um pedagógico toque ao seu principal médico cirurgião no sentido de que este não se esqueça de lavar muito bem as suas mãozinhas antes ainda de iniciar o ato cirúrgico. No mínimo, extravagante. E assim, com a maior das naturalidades, como se por acaso alguma mente brilhante se tivesse iluminado com um detalhe de somenos importância! Não será isto, para a governação, primordial, prioritário, nuclear, rumo a um esforço de reequilíbrio do sistema de ensino da Região Autónoma dos Açores? Com toda esta leveza na abordagem do assunto, parece até que se trata aqui de um capricho. Enfim.