Soubemos recentemente que a estratégia do Governo dos Açores no âmbito da captação de voos do exterior para a Região reduz consideravelmente as ligações do estrangeiro para a Ilha Terceira no verão IATA 2021, uma acção muito negativa, sobretudo num sector que pode ser determinante para a recuperação económica e social que todos precisamos, como é o caso do Turismo.
E para os mais distraídos ou maledicentes endémicos que, para desculpar o indesculpável, afirmam agora que a opção tomada é igual ao passado, convém relembrar que a previsão de voos internacionais para a Ilha Terceira no Verão IATA 2020, abruptamente interrompido pela pandemia da COVID-19, era de onze ligações semanais com o estrangeiro: três com Boston, duas com Toronto, duas com Paris, uma com Oakland, uma com Montreal, uma com Londres e uma com Amesterdão.
O que se verifica agora, por opção do Governo Regional do PSD/CDS/PPM são apenas quatro ligações semanais com o estrangeiro. Uma com Boston, uma com Toronto, uma com Oakland e uma com Amesterdão. Em comparação com a previsão para o Verão IATA 2020, tendo em conta as rotas já anunciadas e a respetiva frequência semanal, entre junho e outubro de 2021, a Ilha Terceira perde sete ligações semanais com o estrangeiro, perde integralmente as ligações com Londres, Paris e Montreal e das quatro rotas que são retomadas, em duas, verifica-se um decréscimo significativo da frequência semanal, designadamente na ligação com Boston que reduz de três para uma vez por semana e na ligação com Toronto que passa de duas vezes por semana para uma vez por semana.
Percebemos que o sector da aviação passa por grandes desafios e constrangimentos devido aos impactos da pandemia e isso até pode ser referido como argumento, mas tal não faz sentido tendo em conta o que se verifica na estratégia de captação de voos do exterior no país ou na Madeira ou mesmo em outras ilhas da Região para onde há um desvio intencional de voos, como são exemplos as ligações a Madrid e a Londres.
Ou seja, não há falta de ligações, há sim a opção de passar as ligações para outra Ilha, em prejuízo da Terceira e dos benefícios que o sector turístico local poderia ter.
Esta atuação do Governo Regional é incompreensível quando os dois principais partidos da coligação de Governo, o PSD e o CDS, defendiam, em outubro de 2020, o aumento das ligações aéreas da Ilha Terceira com o exterior. O PSD, por exemplo, assumiu com os Terceirenses o compromisso de "atrair mais voos e promover a Ilha Terceira no mercado Internacional".
Mas afinal, o que temos são menos rotas, menos ligações e, pior do que tudo isso, uma clara falta de visão e de estratégia articulada para potenciar o sector turístico e todo o investimento público e privado que foi desenvolvido nos últimos anos na Ilha Terceira.
O caminho não pode ser este. O sector turístico será determinante para ultrapassar os terríveis impactos económicos e sociais da pandemia.
Basta ver os noticiários diários para verificarmos o trabalho que está a ser desenvolvido em várias regiões do país no sector do turismo. Por cá, andamos a conta gotas, perdendo oportunidades e deixando-nos ultrapassar por outros mercados.
Tendo em conta o contexto, as oportunidades que existem e a evolução da pandemia na Ilha Terceira, uma planificação atempada e mais proactividade permitiriam que a oferta de ligações com o exterior em 2021 fosse, no mínimo, igual à oferta prevista para 2020.
O trabalho estava feito. Não era preciso inventar.