Opinião

Critérios para uma saída segura da Pandemia

O que pretende o Governo para esta Região nos próximos meses?
Qual a estratégia e o plano para o relançamento social e económico da Região?
Não se sabe nem se consegue perceber pois nem é do conhecimento geral sequer que exista qualquer ideia sobre esta matéria.
O processo de vacinação contra a COVID-19 finalmente começou a arrepiar caminho com o auxílio da Task Force do Governo da República.
Relativamente à situação epidemiológica na Região temos uma ilha com imunidade de grupo adquirida, sete em vias de a obter após a intervenção de nove profissionais de saúde militares coordenados por um Vice-Almirante e uma, a de São Miguel, em que o combate à Pandemia permanece sem rumo.
Procuram o eurodeputado Paulo Rangel e o Presidente do Governo Regional recolher louros com o progredir da vacinação à custa da Task Force. No fundo, tal como num anúncio, é o que lhes resta: Wiskas saquetas.
O sistema de semáforos deste Governo está há semanas em modo "Ruth Marlene": no pisca-pisca. Não há vermelho, laranja, amarelo, verde escuro ou verde claro que resista. É intermitente.
Este Governo já não sabe o que fazer em São Miguel. Não sabe o que abrir ou o que fechar, se vacina ou se deixa de vacinar. É incongruente e incoerente.
No fundo, procurando perspetivar o que está e irá acontecer, na ilha de São Miguel será atingida a imunidade de grupo não só por via da vacinação, mas também por via da infeção.
Para além disso, um dos maiores problemas subsiste nas medidas em vigor.
Socioeconomicamente estão a sufocar São Miguel com implicações profundas em toda a Região.
As medidas em vigor não andam nem deixam andar e continuam a gerar incompreensão e discórdia fruto da negligência na ação na época natalícia e de fim de ano.
Daí que regresse ao início: o que pretende este Governo para esta Região nos próximos meses?
Qual a estratégia e o plano para o relançamento social e económico da Região?
No ano passado, convidando todos à reflexão e participação na recuperação, numa verdadeira humildade democrática, foi proposto e elaborado o Roteiro da Região Autónoma dos Açores "Critérios para uma saída segura da Pandemia COVID-19".
Com o mesmo trabalharam-se e sistematizaram-se os critérios a aplicar no que se refere ao processo de desconfinamento com vista a uma retoma socioeconómica orientadora de toda a sociedade açoriana.
Partindo de um quadro de referência internacional e comunitário, seguindo orientações da Organização Mundial de Saúde, do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, foram elencados critérios para a flexibilização das medidas de confinamento que levaram a que em cerca de um mês após a sua apresentação e em cerca de dois meses e meio após o registo do primeiro caso positivo de COVID-19, na única Região do País a atingir os zero casos positivos ativos existisse um fio condutor para a chamada nova normalidade.
Tendo por base critérios epidemiológicos, a capacitação do Serviço Regional de Saúde e uma adequada capacidade de monitorização, com intervenções baseadas em dados científicos e centradas na preservação da saúde pública, graduais, progressivamente mais específicas em detrimento de medidas gerais, com um âmbito geográfico mais vasto, reiniciou-se a atividade económica de modo faseado viabilizando-se agrupamentos de pessoas de forma progressiva.
Mantendo-se todos os esforços para impedir a propagação do vírus sem descurar a coesão regional, foi possível, por exemplo, atingir em novembro de 2020 o número mais baixo de beneficiários de rendimento social de inserção (14.449) e diminuir em 1,8% a taxa de desemprego em 2020 em comparação com 2019.
Em todo o trabalho desenvolvido existiu um critério chave ao longo do processo: a transparência.
Da monitorização permanentemente feita à evolução da Pandemia e das medidas tomadas, assumiu-se a transparência como um instrumento essencial para a modelagem de comportamentos e para a adesão da população às intervenções que ao longo dos meses foram necessárias e adequadas.
Se de melhor não se é capaz, esperar-se-ia que no mínimo não se fizesse pior.
Não é isso a que infelizmente a população tem assistido e continua a assistir.
O foco nos últimos tempos por parte deste Governo e pelos partidos que o suportam tem sido, apenas e só, a sua sobrevivência.
Com as eleições autárquicas no horizonte os partidos políticos que sustentam este Governo, passados seis meses, inquietam-se.
As "amizades" e aproximações recentes, em tudo semelhantes aos amigos e seguidores no Facebook, transparecem a sua verdadeira natureza - muitas são virtuais e não são efetivamente de contar.
Enquanto isso a população vai sobrevivendo. Fazendo o possível no meio da fumaça de tarifas aéreas que fazem jus ao ditado: o "barato sai caro".