Numa sociedade exigente, o escrutínio da ação política, mais do que desejável, é inevitável, especialmente, se assentar em critérios objetivos e for, na medida do possível, impermeável a preconceitos e à ditadura do politicamente correto. A Cultura, entre muitos outros atributos e qualidades, tem precisamente esse condão: o de nos interpelar, de provocar o desassombro, de inquietar os instalados e aquietar excessos, de questionar insuficiências e espicaçar a centelha que instila, simultaneamente, dúvidas e certezas. Em suma, nas suas múltiplas manifestações, tem a função de despertar consciências, de agitar águas paradas e de nos oferecer uma miríade de emoções, sensações e interações que emprestam um novo olhar sobre nós próprios e sobre o mundo que nos envolve. É, sobretudo, por isso que a Cultura faz falta e que o seu enfraquecimento a todos empobrece. É também por isso que, entre ferros quentes, incoerências, ações e omissões, o seu atual titular regional já deu provas suficientes de não reunir as condições necessárias para o cargo que, ainda, desempenha.