Opinião

#ondevaiumvãotodos

O lema, em versão hashtag, que dá título a esta crónica foi proferido pelo treinador do Sporting Clube de Portugal, Ruben Amorim, aquando de uma daquelas cenas de confusão típica dos campeonatos sul-americanos e que, infelizmente, há muito foram importadas para o campeonato do nosso burgo. Nessa noite, após um final de jogo polémico, houve diversas correrias em vários sentidos. As altercações terminaram junto aos balneários e já com o treinador e restante equipa técnica do Sporting metidos na “molhada”. Confrontado na conferência de imprensa com as discussões presenciadas por todos, Ruben Amorim respondeu com a célebre frase: “aqui onde vai um, vão todos”. O departamento de comunicação, percebendo o alcance da expressão, tratou de adotar a mesma para “máxima” ou lema da equipa. Vem isto a propósito das eleições autárquicas de se aproximam a passos largos. Estamos a cerca de 80 dias do ato eleitoral que mais mexe com a sociedade. Mas, na verdade, não parece. Em linguagem automobilística, há diversos “carros” que ainda nem entraram nas boxes, isto é, nem se conhece publicamente os candidatos que irão para a corrida. Outros estão em processo de afinação dos motores… mas ainda dentro da garagem. E há também quem tenha entrado no carro cujo cockpit estava feito à medida de outros condutores. Muito trabalho terão os diversos “mecânicos” para colocar todos os carros em pista. Talvez seja normal. Talvez, até, tenha sido sempre assim. A adrenalina, provocada pelo apertar do calendário, vai ajudar a acelerar a fundo. E, como sempre, vamos ter por aí, de Santa Maria ao Corvo, um grande pelotão. E 19 grandes provas principais. Com carros na pole position; pistas mais sinuosas e outras com longas retas; alguns despistes; carros a serem “dobrados”; recordes; vencidos e vencedores. Confio, por isso, numa grande prova de vitalidade da nossa democracia. A legitimidade dos vencedores é sempre inatacável, mas com uma grande participação a “bandeira de xadrez” e posterior subida ao pódio tem sempre outro sabor. É isso que espero no próximo dia 26 de setembro. Para tal, e até ao fecho das urnas, é preciso cumprir o lema do mister Ruben Amorim. Os partidos e respetivos candidatos têm, por obrigação, de unir e não dividir. Somar e não subtrair. Agregar e não afastar. O sucesso de qualquer projeto, que é sempre coletivo e nunca individual, está muito dependente da capacidade de união. O espírito de equipa, muitas vezes resumido na expressão “puxar todos para o mesmo lado”, é decisivo para se atingir o(s) objetivo(s). O povo, na sua infinita sabedoria, costuma dizer que “há um tempo para tudo.” Nada mais verdadeiro. A menos de 3 meses do ato eleitoral, inclusivamente com candidatos já em cartazes espalhados pelas nossas 9 ilhas e alguns destes com muitos quilómetros na respetiva, é tempo de apoiar aqueles que, em muitos casos e nos mais diversos partidos, ousaram avançar e dizer presente a desafios difíceis. O tempo para outras coisas, que existem sempre nestes processos e em todos os partidos, já passou. Todos são, por vezes, poucos para o objetivo traçado. Mais difícil se torna se todos não forem mesmo todos. O tempo é, pois, de união.