O PS/Açores, assumindo sem tibiezas o mandato conferido pelo voto popular, tem vindo diariamente a demonstrar o embuste em que se reveste o plano e orçamento regional para o ano 2022. Isto não significa, obviamente, que no passado tudo tenham sido rosas. Mas, em nome da verdade, este governo está a dar tudo por tudo para dizimar a réstia mínima de credibilidade que estes importantes documentos têm de ter. E são óbvias as razões para tanta trapalhada. Vamos a elas:
A coligação tem uma obsessão com o Partido Socialista. Os três partidos que formam o XIII Governo dos Açores, que juntos têm apenas mais um mandato do que o PS, olham para o PS não como um estímulo para fazerem melhor do que foi feito nos últimos 24 anos na Região, mas como uma sombra que paira sobre a sua ação. Isto faz com que estejam, permanentemente, a olhar para trás, em vez de encararem o futuro. A “manta de retalhos”, a qual foi tecida para retirar o PS do poder, enquanto não perceber que governar não é fazer oposição à oposição governará sempre à vista. E, quando assim é, nunca se traçará um rumo politicamente defensável, isto é, com os Açores em primeiro lugar. O futuro não está no retrovisor!
A “manta de retalhos”, dada a sua composição, não tem por base pontos politicamente comuns ou ideais. O que os une é a sobrevivência da coligação. Só isto explica não existir “um murro na mesa” do maior partido da coligação. O PSD/Açores está tornado naquele guarda-redes cuja especialidade é ir buscar a bola ao fundo das redes. O Deputado Barata ameaça votar contra e lá vem uma tremenda cedência. O Deputado Barata, aparentemente, ainda não está satisfeito. Obviamente, já sabemos o que virá a caminho na discussão na especialidade do plano e orçamento. O Deputado Pacheco diz que desta vez fica assim, mas que para o ano o governo terá de “encolher”. Já se sabe que virá aí fusões de departamentos governamentais, entre outros cortes. O Deputado independente também já veio a terreiro dizer que “assim não vamos lá”. É claro que vai ter de pingar alguma coisa para ele ficar na foto. Estes são os que vieram publicamente reivindicar algum tipo de alteração (desde documentos novos a alterações minimalistas). Mas, em surdina, há enormes pressões dos partidos da coligação para colocarem as suas bandeiras nos documentos que serão objeto de votação. E, como será necessário chegar ao número mágico de 29, lá terá de ser (quase) tudo aceite. Dar tudo a todos não é possível. Todos sabem isso, mas vão continuar a fingir. O objetivo é colocar no papel as reivindicações. A execução logo se vê…
Face a estas razões, temos um plano e orçamento para 2022 com demasiados buracos, endividamento escondido, receitas fictícias, investimentos empolados, fundos comunitários martelados e muitas, muitas, contas de sumir. Este é, por isso, um plano e orçamento que retrata bem a “manta de retalhos”. Os retalhos são mais do que muitos, a manta está curta, a linha a perder força e o alfaiate sem mãos para tanta ponta solta…