Opinião

E tudo as opções políticas levaram

São as opções políticas que definem os destinos financeiros, económicos, sociais e ambientais dos territórios. Com uma população esclarecida e interventiva essas opções políticas tendem a ser menos autoritárias e arrogantes e, os políticos, tendem a analisar as externalidades negativas das opções no território e para a população.

Orçamento regional

Há cerca de uma semana os Açorianos souberam que o orçamento regional seria aprovado. Subsistem dúvidas das condições que garantiram essa aprovação. Do lado extremo é dito que: “cederam a todas as condições” e pelo presidente do governo é dito: “não houveram cedências”. Nos quatros dias de debate nem uma palavra sobre os acordos. A centralidade do parlamento foi levada pelo vento.

As opções políticas do orçamento regional deveriam elucidar os Açorianos, por exemplo, de qual o seu impacto no PIB regional? quais as metas que este orçamento pretende alcançar ao nível da redução da pobreza e da taxa de abandono escolar precoce? Qual o impacto no aumento e paradigma do emprego? Como se posicionará a Região para as metas da neutralidade carbónica? Na transição energética e digital quais os objetivos a atingir com este orçamento? Sem resposta a esta e a outras questões temos orçamentos que incluem investimentos que cumprem calendário de fundos comunitários ou potenciam-se como soluções para o desenvolvimento de uma ilha (dos Açores)? Não sabemos.

Mercado da Graça

O mercado da Graça está em obras. Novamente, é certo! As decisões políticas sobre a intervenção no mercado da Graça fizeram com que centenas de pessoas deixassem de o frequentar.

As obras eram necessárias?

Depois de tudo o que sabemos sobre as obras (intermináveis) no mercado da Graça, a resposta é extemporânea. Porém, vejamos a forma como se geriu e gere a combinação da intervenção com a existência dos espaços de venda. Visivelmente, é um desastre que prejudica quem no mercado faz o seu rendimento.

À entrada do mercado nem uma informação da situação atual. Bastaria a existência de um painel com esquema representativo da localização dos espaços; o estacionamento atual é um convite à desistência. É só para resistentes ir ao mercado ao sábado. São voltas e mais voltas e mais emissão de gases poluentes. Será difícil libertar o parque em frente ao mercado, aos sábados, para os utilizadores do mercado da graça? E a falta de arejamento que prejudica os produtos? E a iluminação? Num tempo em que o consumo de produtos regionais (e o mercado já tem uma interessante quota de produção regional) está a ser estimulado, o maior mercado da ilha, neste ou noutro local, não deveria responder noutras condições?

Há menos de mercado agrícola e mais de bunker. Há menos compras e mais espaços vazios. Há menos clientes e mais produtos a irem para o lixo.

Faltou e falta aos políticos eleitos na Câmara Municipal de Ponta Delgada a sensibilidade e a perceção daquele que é o prejuízo da tomada de decisões na vida de quem paga impostos – e esta afirmação não é para a atual intervenção é para todo o conjunto de decisões que conduziram ao estado atual.

A nossa passividade enquanto sociedade é ensobrada pela celebração do dia de hoje, feriado nacional reposto pelo PS e suspensão imposta por força ideológica do PPD/PSD, onde nós, no tempo devido, soubemos nos impor quando amordaçados por opções de quem nos governava. Não obstante o conforto e segurança do século XXI, possamos, enquanto sociedade, ter a força e a determinação dos nossos antepassados do século XVII.

“Antes livres que em paz sujeitos” não represente a obscuridade de interesses individuais, mas sim a centralidade dos Açorianos.