A 14 de Dezembro de 2020 o Secretário Regional da Agricultura anunciou a criação de um Conselho Científico para a Inovação Agroalimentar.
Segundo esse anúncio, este Conselho seria coordenado pelo Professor José Matos e teria como objectivo ser "um suporte fundamental ao Governo para a tomada de decisões políticas, decisões baseadas na experiência e sabedoria adquiridas".
O que se esperaria, depois do anúncio público com a devida pompa e circunstância, no estilo inconfundível do Sr. Secretário Regional da Agricultura, é que este Conselho fosse formalizado através de Resolução do Conselho de Governo, o seu coordenador, os seus membros, as suas competências e os seus objectivos, com a consequente divulgação pública.
Ora, estranhamente, tal nunca aconteceu.
Várias vezes questionámos o Governo sobre este assunto e para quando a sua formalização e a resposta foi sempre fugaz e fugidia.
Recentemente, soubemos através da rádio pública regional que o Professor José Matos se autoexcluiu da coordenação deste suposto Conselho por entender que tal não poderia esperar um ano para a sua formalização, depois de ter sido tornado público o seu nome.
Lamenta-se que uma figura tão proeminente e prestigiada na área agrícola e produção de leite como o Professor José Matos tenha sido colocada nesta situação desagradável, tendo de ficar absolutamente claro que não tem qualquer culpa nesta situação.
O que se verifica é, mais uma vez, a sucessão de anúncios por parte da Secretaria da Agricultura, sem que tenham consequência ou implementação prática, sobretudo quando está em causa uma matéria tão importante e com tantos desafios emergentes como é o sector agrícola, arranjando-se desculpas que não colhem e não tem qualquer razão de ser.
Justificar a não formalização de um Conselho, depois de anunciar a sua criação e expor o nome de um coordenador, com a pandemia é, no mínimo risível e um desrespeito para com os envolvidos e para com o sector agrícola.
Já o afirmámos aqui. O Sr. Secretário da Agricultura é um homem que conhece o sector. É também empresário agrícola o que lhe permite uma visão alargada, quer da parte de quem promove as políticas públicas, quer da parte de quem usufrui dos apoios públicos.
Infelizmente, passado um ano de funções, essa visão e conhecimento não tem sido uma mais-valia para o sector. Não há respostas aos novos problemas com que estão confrontados os agricultores no que se refere aos aumentos das matérias-primas e custos de contexto e os investimentos públicos que estão a ser feitos pela IROA estavam todos previstos e cabimentados pelo anterior Governo Regional.
O Sr. Secretário da Agricultura é uma autêntica "metralhadora" de anúncios, que podem ser interessantes para ocupar a "mancha mediática" do dia noticioso, mas que se não forem implementados não se reflectem na melhoria da qualidade de vida de quem se dedica e vive desta actividade.
É que ser membro do Governo Regional é diferente de ser deputado da oposição na Assembleia da República...