Faz agora um ano que foi aprovado o Programa do atual Governo.
Normalmente, depois de um ato eleitoral, é natural que o partido vencedor, sendo convidado a formar Governo, transforme o seu programa eleitoral em programa do Governo, já que foi este o documento que serviu de base para a escolha do nosso voto.
Desta vez foi diferente. A atual solução governativa tem um Programa de Governo que congrega cinco programas eleitorais. Há um acordo para formação de Governo entre o PSD, o CDS-PP e o PPM e mais dois acordos de incidência parlamentar celebrados: um entre o PSD e o IL e outro entre o PSD e o Chega.
Não vou entrar sequer na discussão sobre os motivos que levaram o IL e o Chega a não incluírem nos seus acordos o CDS-PP e o PPM, mas a verdade é que estes acordos foram fundamentais para que o Representante da República preferisse indigitar José Manuel Bolieiro como Presidente do Governo, ao invés de convidar numa primeira instância o partido mais votado, tal como fez Cavaco Silva em 2015 com Passos Coelho.
Vou entrar antes na discussão, levantada há pouco tempo pelo Deputado do Chega, de que o acordo celebrado com o PSD já não serve, é muito vago e pouco concreto. Aliás a sua alteração foi fundamental para aprovação do orçamento para 2022 e disso foi dada nota pública.
Nas atuais circunstâncias considero fundamental para a estabilidade política, económica e social da nossa Região que estes acordos não sejam postos em causa por parte de quem os assinou. E muito menos sejam alterados conforme bem lhes apeteça já que se trata da vida dos Açores e dos açorianos.
Por isso, conforme anunciado e aceite pelo atual Presidente do Governo, é altura de perguntar quando é que vamos conhecer este novo acordo entre o PSD e o Chega e de que parte da sua linha social-democrata terá de abdicar, ainda mais, este PSD.
(Crónica escrita para Rádio)