Quando começa a correr o fim do ano 2021 é altura de proceder a balanços. É usual, à semelhança do que acontece nos órgãos de comunicação nacionais e internacionais, destacar personalidades ou figuras e factos ou acontecimentos que marcaram o ano que está prestes a terminar. A escolha, por vezes, não é nada fácil. Mas este ano, no que concerne a personalidades, confesso que não tive grande dificuldade. Escolhi duas. Uma num plano geral da sociedade e outra relativa a uma área específica e que me diz muito: o desporto rei. Quanto ao facto mais marcante do ano, aqui a escolha já não foi tão fácil. Mas acabei por optar por algo inédito na democracia portuguesa. Vamos a isso:
- Personalidade 1
O Vice-Almirante Gouveia e Melo é, de forma praticamente unânime, a figura maior do ano 2021 em Portugal. O papel e missão que desempenhou enquanto coordenador da task force de vacinação contra a covid-19 foi elogiado por todos os quadrantes. Gouveia e Melo foi o rosto visível da implementação da estratégia de vacinação de Portugal. Em pouco tempo granjeou o respeito e a admiração de Portugal inteiro. A missão teve uma duração, aproximadamente, de 8 meses. Tempo suficiente para deixar uma imagem de competência e segurança ímpares e que o catapultam, muito provavelmente, para outros cargos. E não me refiro ao facto de recentemente ter sido nomeado Chefe de Estado Maior da Armada. Gouveia e Melo, pela imagem que tem na sociedade, tem as portas abertas para aquilo que entender. Da minha parte, não querendo antecipar já os próximos episódios, aproveito para agradecer o seu papel fundamental no sucesso da missão que lhe foi confiada. Bem-haja, Senhor Vice-Almirante!
- Personalidade 2
No desporto rei, e no ano 2021, há um nome que brilhou mais do que todos os outros. Refiro-me, obviamente, a Ruben Amorim. O jovem treinador, que inclusivamente foi muito maltratado pelo presidente da associação de treinadores de futebol, mostrou que a competência, a capacidade de liderança e o mérito não estão associados à idade ou a níveis de curso. Ruben Amorim, que foi um verdadeiro “all-in” de Frederico Varandas, chegou a um Sporting Clube de Portugal “ligado às máquinas”. Arredado do título principal há demasiado tempo; com peso residual fora das quatro linhas; com uma tendência para triturar treinadores à velocidade da luz; com presidentes a serem destituídos e expulsos de sócios; com dirigentes permanentemente em lutas de poder; com sócios cada vez mais distantes do clube; com claques em guerra aberta; etc… etc… Tinha tudo, tudo, para correr mal. No fundo, para ser mais um treinador a ser “queimado” em Alvalade. Com a agravante de ter custado 10 milhões de euros, vir de Braga e ter um mau gosto clubístico. Mas a verdade é que tudo isto se começou a esfumar ainda antes da bola começar a rolar. O famoso “e se corre bem?” foi um prenuncio. A seguir vieram os “miúdos” da formação. Depois o crescimento dos “graúdos”. Pelo meio a máxima “onde vai um, vão todos”. E o resto é história. Obrigado, mister!
- Facto
Em 45 anos de democracia, nunca tinha sido chumbado um Orçamento de Estado. Aconteceu este ano. Por isso, por se tratar de algo inédito e de desfecho imprevisível, escolhi o chumbo do Orçamento do Estado para 2022 como o facto do ano 2021.