Opinião

Desvalorizaram o combate

No primeiro dia do ano que agora termina, utilizando este espaço de comentário, terminava a crónica com um desejo: que 2021 nos devolvesse tudo aquilo que tivemos de abdicar em 2020. Mas não foi bem isso que aconteceu. Mesmo com a alteração na forma como se aborda esta pandemia, a verdade é que muitas foram as coisas que todos tivemos de continuar a abdicar e muitas foram as coisas que, por receio ou por prevenção, deixamos de fazer.

Não conheço, e acredito que os ouvintes também não conheçam, alguém que não se sinta cansado e até farto das contingências que esta nova realidade trouxe ao nosso dia-a-dia. E isso nota-se sempre que os casos aumentam, tal como está a acontecer neste momento.

Desde que falo sobre este assunto que considero haver duas peças fundamentais para que ela passe com o menor impacto possível: a informação e o comprometimento.

A informação que é transmitida ao povo é essencial desde o início. Mesmo havendo informações hoje que são diferentes das que eram no início, é importante que a comunicação do que se vai conhecendo sobre os factos seja cuidada, seja clara e que sobretudo seja consistente.

Já o comprometimento é a maior arma neste combate. É essencial que a população se sinta comprometida, juntamente com os responsáveis políticos e com os profissionais de saúde, e para isso é fundamental que quem gere este próprio combate consiga que isso aconteça. E foi isso que se perdeu nos últimos tempos.

Hoje está claro que, a desvalorização do combate por parte dos responsáveis políticos, baseada numa elevada taxa de vacinação, fez com que se perdesse a coerência na comunicação e sobretudo se perdesse a mensagem motivacional de comprometimento de todos neste combate. E isso é tão essencial num momento de cansaço por parte de todos.

Mas há que continuar a acreditar. E esse é um bom momento para renovarmos a esperança e de recarregarmos energias para mais um ano que aí vem.

Para este novo ano faço para todos os mesmos votos que faço para mim mesmo e para os que me são próximos: que sejamos todos felizes e que seja possível se proporcionarem mais momentos de alegria junto dos que mais amamos. Desejo um Feliz Ano Novo a todos!

 

(Crónica escrita para Rádio)