Opinião

Para a escola que sonho...

Acredito na igualdade de oportunidades. Mais, muito mais, do que na meritocracia. Acredito no papel do professor e na sua valorização. Mais do que no papel do computador, eventualmente em sua substituição. Acredito numa universidade universal, sem ruturas com o ensino secundário. Mais do que em encargos castradores, seleção de quem nela, afinal, terá direito a pôr o pé. Acredito na humanização do ambiente escolar. Mais, muito mais, do que numa escola com distinção, do que numa escola para os ricos e uma outra para os outros. Acredito no apoio, seja ele qual for, aos problemas familiares, sejam eles quais forem. Mais do que na teoria avarenta de que o Estado, o que faz, é alimentar malandros. Acredito numa escola focada numa aprendizagem simples, trabalhadora, adequada. Mais do que numa escola confusa, indolente e desajustada. Acredito na indução do entusiasmo do aluno, na valorização das suas potencialidades e interesses. Mais, muito mais, do que no ensino a martelo, como se de um exército de autómatos se tratasse e não de um grupo de aprendizes. Acredito no aluno inseguro só por não acreditar ser capaz, sem errar. Mais do que no aluno que se julga génio por ter mais jeito a fazer contas que os demais. Acredito em planos, programas, caminhos educativos conscientes. Mais do que em aulas anárquicas e de exclusiva fruição ou até mais do que, em oposição, de enformados e modelares ensinamentos. Acredito no currículo oculto. Mais do que na tabelada matriz. Acredito na aula em natureza, no teatro, no recreio, na ação, na aprendizagem viva e criativa. Mais, mas muito mais, do que nas inócuas condições de um perfeito espaço para a lecionação, do que na monótona e invariável correção da sala. Acredito no respeito, recíproco, na diferença de papeis, e de que a verdade não tem dono. Mais do que na proibição de contar pelos dedos, mais do que na incompreensão do porquê de certas coisas. Acredito no debate, na apresentação de ideias opostas, divergentes, na relatividade da teoria, essencialmente na parte em que a percebo. Mais do que no absolutismo da verdade ou até do que na razão sem qualquer espécie de razoabilidade. Acredito na contemplação do que nos rodeia. E afinal mais do que na vaidade. Acredito na aprendizagem, metas e estratégias para todos. Mais do que em rótulos, testes e caminhos absolutamente universais. Acredito na disciplina pelo respeito. Mais do que pelo medo. Acredito na sanção explicada, compreendida e com toda a comunidade. Mais do que na permissividade excessiva por preconceito. Acredito na empatia e no carisma. Mais do que na apatia ou no frete. Acredito na Educação vivida, experienciada, sentida. Mais do que na teorização decorada, sem tato. Acredito na utopia e no facto. Acredito na livre e democrática expressão de opiniões. Mais, mas muito mais, do que usar esta palavra em Educação, que é ela o fruto de uma guerra sem razões - o pacto.