O exercício da liberdade de imprensa é um dos baluartes da democracia e uma garantia de que esta resiste às pequenas pressões e às tentativas de condicionamento. O ano que findou não foi, infelizmente, positivo para a liberdade de imprensa. Para além das questões subjetivas - daqueles que pensam que a liberdade de imprensa só serve para veicular opiniões de que gostam - a verdade é que a edição 2021 do Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa, elaborado pela “Repórteres Sem Fronteiras”, revelou que o jornalismo está condicionado em 73% dos 180 países analisados. Num mundo enxameado por factos alternativos e notícias falsas, são, igualmente, preocupantes os dados do Barómetro Edelman Trust 2021. Neste, é revelado que 59% dos entrevistados em 28 países acreditam que os jornalistas tentam deliberadamente enganar o público. Tudo isto sem referir outras ameaças como, por exemplo, o poder sem paralelo concentrado nas mãos das grandes plataformas digitais ou os ataques informáticos como recentemente sucedeu ao grupo Impresa. Permanecem, por isso, atuais as palavras de Thomas Jefferson: “a nossa liberdade depende da liberdade de imprensa, e ela não pode ser limitada sem ser perdida”