Opinião

Falsos estagiários

Os Governos do PS Açores, ao longo dos tempos, foram tendo a capacidade de implementar na nossa Região medidas que eram totalmente direcionadas para os jovens dos Açores. É um bom exemplo desta capacidade a criação dos programas Estagiar que permitiram que os jovens dos Açores, ao contrário do que acontecia no resto do País, pudessem aceder a essa formação em contexto de trabalho através de um programa de estágio que os protegia. Estes programas, naquela altura, foram inovadores e altamente elogiados, também pelas empresas.

Também ao longo do tempo, houve ainda a capacidade de os saber alterar para que fossem mais bem adaptados às necessidades que iam surgindo.

Estes programas continuam a ser fundamentais para colmatar a eterna dificuldade do acesso ao primeiro emprego. Estes programas possibilitam, que muitos jovens dos Açores tenham um caminho mais facilitado, não só para a sua estabilidade profissional, mas também para a sua estabilidade familiar que como todos nós sabemos estão intrinsecamente ligadas.

Vem isso a propósito das alterações que o atual Governo se prepara para fazer com a conivência dos partidos que o suportam e do Deputado Independente.

Caros ouvintes, o Estado deve promover a entrada de um jovem no mercado de trabalho, o Estado deve ainda criar incentivos para que as empresas consigam contratar e se apetrechar de mão de obra qualificada, o Estado deve garantir que a estabilidade de um jovem e da sua família é alcançada o mais rápido possível. Mas, não deve o Estado, de maneira alguma, ser promotor da utilização contínua de mão de obra qualificada através de estágios pagos pelo erário público.

Receio, com estas alterações agora aprovadas, que para além de termos falsos recibos verdes a colmatar necessidades permanentes, a partir de agora nos Açores, será possível ter estagiários, pagos pelo Governo, a colmatar estas mesmas necessidades e isso está longe de promover a estabilidade de quem quer que seja.

               

(Crónica escrita para Rádio)