Opinião

Do lado errado...

A política é feita de opções. Acredito sempre que as opções assentam em critérios e razões. Sejam estas quais forem. E, como se costuma dizer, escolher um lado, um caminho ou uma medida, coloca-nos sempre sujeitos ao escrutínio público. Mas há opções e opções...

Vem este introito a propósito de duas decisões que considero profundamente erradas. Ambas com origem à esquerda política. Uma, muito mais grave, tomada pela esquerda ortodoxa e outra pela esquerda moderada. Vamos lá por partes:

 

I – Era uma vez um partido

O PCP, com toda a legitimidade, decidiu mostrar ao mundo 6 cadeiras vazias. Aquele cantinho vago, conjugado com as justificações inacreditáveis dadas por altos representantes do Partido, demonstra que o PCP está na porta de saída. Da próxima vez, já não serão necessárias 6 cadeiras para albergar os representantes do PCP.

A opção pela falta de comparência demonstra, inequivocamente, um imperdoável desrespeito perante uma nação invadida por um tirano e uma atros falta de solidariedade perante a dor e morte que está a ser infligida a um Povo. O PCP virou as costas às valas comuns, aos cadáveres encontradas com mãos atadas atrás das costas, às cidades dizimadas pelas bombas, às famílias separadas pela invasão, etc... etc... O PCP fez a sua escolha.

O PCP decidiu não ficar na foto de um País que qualifica de ter um “regime fascista”. Os comunistas portugueses acusam e atacam Zelensky por querer escalar a guerra e personificar a xenofobia. Em que mundo viverá o PCP?

No mundo real, o país invasor da Ucrânia é liderado, com mão de ferro, por um ditador que apoiou e apoia “democratas” da estirpe de Bolsonaro, Trump, Salvini, Le Pen e Órban.

O PCP ficou indignado com a alusão de Zelensky ao 25 de abril. O PCP não é dono de Abril, mas todos lhe reconhecemos o papel decisivo na missão de libertar o país.

As cadeiras vazias representam, no fundo, a libertação final do PCP.

É pena acabar assim...

 

II – Tomem lá uma taxinha!

O PAN apresentou e viu ser aprovada na Assembleia Regional, com os votos a favor também do PS, BE e do Deputado ex Chega, a sua iniciativa legislativa que procede à criação de uma “taxa turística regional”.

A ideia de criar uma taxa deste tipo não é nova. Mas por razões que não interessam escalpelizar agora, a verdade é que nunca se havia passado tal ideia para o papel.

O PAN, qual autoproclamado defensor supremo das causas inerentes ao ambiente, decidiu agarrar esta bandeira. Infelizmente, o PS decidiu ajudar a hastear esta bandeira. Ao PS exige-se coisas que não se esperam do PAN. Uma delas, talvez a principal, é responsabilidade. Outra é coerência. Outra ainda é o respeito pelos parceiros sociais e agentes económicos.

Ora, com o seu voto, o PS não cumpriu nada daquilo que se exigia a um partido da dimensão e com a sua responsabilidade. A iniciativa em apreço, a qual levanta sérias dúvidas no campo jurídico e que não deverá escapar a uma determinada decisão do Representante da República, mereceu oposição de todas as entidades que se pronunciaram.

Do Governo à AMRAA. Das câmaras do comércio às associações de hotelaria e restauração. Até uma associação de turismo sustentável deu parecer desfavorável! Foram 9 pronúncias / pareceres. Todos desfavoráveis.

A sociedade apontou num sentido. A Assembleia decidiu no sentido contrário. Depois não se admirem...