Percebido agora. O tão propalado elevador social que o governo regional tanto gosta de embandeirar como sendo aquilo que de mais prioritário existe na sua linha de ação - a Educação - não é mesmo um comum elevador, daqueles que sobem e que descem, consoante o botão em que se carrega. Definitivamente. Não é. Terão adquirido gato por lebre, digo eu, e o investimento saiu furado. O sentido com que o elevador se movimenta é único, e como se tal não bastasse, apenas desce, não sobe, está mais que visto. E fazendo afinal exatamente aquilo para o qual foi desenhado, descer, o elevador social deste governo, ou o seu descensor, se assim preferirem, vai colocando as escolas, uma a uma, numa cada vez mais profunda e aflitiva apneia. Sem ar. Mesmo. E desta feita porque, efetivamente, sem assistentes operacionais. A história é simples, na sua versão mais curta. Imediatamente após um rigoroso diagnóstico de necessidades e aturada reflexão, aludem os próprios, o Governo Regional dos Açores faz sair a 14 de junho, p.p., com toda a formalidade de um despacho governamental, as vagas a abrir para que cada uma das entidades escolares possa, efetivamente, avançar para o recrutamento de assistentes operacionais. Entendeu então a Secretaria Regional da Educação que dos 339 colaboradores a ser dispensados do sistema de ensino da nossa Região até ao arranque do próximo ano letivo, apenas 183 fariam falta. Todos ficámos sabendo que determinadas unidades orgânicas - algumas até de grandes dimensões - não teriam definitivamente direito a contratar qualquer outro recurso humano da referida carreira, mas que outras sim, outras precisariam realmente até de contratar mais de 10 ou até de 15 de uma assentada só. Ok. Ainda que estranhando, desde logo, a falta que não fariam 156 assistentes operacionais na rede escolar açoriana, queríamos ainda assim acreditar que um critério justo, lógico, ponderado e claro estaria a ser aplicado, já que nos encontramos todos, cada qual em seu posto - posição e oposição - trabalhando afincadamente, quero eu acreditar, para que apenas tudo de bom seja o que está destinado aos nossos alunos. Durou três dias... desgastados pelo tempo - três longos dias - e eis que a 17 de junho os açorianos voltaram a ser brindados por novo despacho governamental, despacho que ao virar da entrelinha se ia lendo em parangonas invisíveis, "lembram-se do outro rigoroso apuramento de vagas, lembram-se?! Pois então se se lembram façam agora o favor de se esquecer, está bem?! É porque afinal não era bem assim, ou melhor, não era mesmo nada disso". Recolhe e volta a dar, mexe e remexe em quase tudo, e unidades orgânicas escolares em que três dias antes tinham direito a 16 passaram a ter direito a 7, talvez para que outras, ao abrigo do "Contestar Mais", pudessem passar do 0 ao 16! E de 183 lá passámos a 174! Boa!... E explicar a trapalhada, nadinha?! Elevador a descer, e o arzinho a esgotar-se, rarefeito. Mas eis que algo mais acontece: provavelmente porque alguma mente iluminada terá dado conta da eminente asfixia sem retorno, uma vez mais sem preparação nem aviso lá foi deixada uma esmola, um balãozinho de oxigénio e, afinal, dito por não dito, lá ficam 232 colaboradores dos programas de inserção social até que os 174 a contratar se contratem mesmo. Resumindo e concluindo, baralhando e voltando a dar, a Secretaria Regional de Educação, sem saber bem para onde quer que vá o seu elevadorzinho social, carregou nos botões todos a mesmo tempo e o resultado que a máquina deu foi que, no próximo ano, os 174 assistentes operacionais terão mesmo de fazer esquecer os 339 colaboradores ocupacionais. E é assim! E assim vai o mundo!... Mas não há problemas: meia dúzia de palmadinhas nas costas dos mais ativos candidatos ao programa "Contestar Mais", uma mesma medida de belas frases a proferir em horário nobre na comunicação social, e mais meta menos meta, mais estratégia menos estratégia, mais desenrasque menos desenrasque, sempre o mundo avançará, tão certamente, ainda que, lamentavelmente, nem sempre no mais desejável sentido.