Opinião

Silly Season

Na política como, aliás, na vida, há sempre quem esteja mais preocupado em agradar quem o ouve do que, independentemente da plateia, defender, sem receios, aquilo que considera ser justo e correto. O desejo de agradar a todos está relacionado com a necessidade de ser apreciado. Ora, o consenso é desejável apenas e tão somente quando é possível concitar interesses. Quando os interesses são difíceis de conjugar – e até mesmo antagónicos – o consenso não é, nem pode ser, um fim último. Tudo isto vem a propósito da entrevista do Presidente do Governo Regional ao Jornal da Madeira, na qual entendeu dizer que a Madeira tem sido prejudicada pela Lei de Finanças Regionais (LFR). Convém recordar que, antes da LFR, as transferências para as Regiões Autónomas eram, para além de discricionárias, baseadas no critério da capitação. Ou seja, a Madeira, por ter mais habitantes, recebia mais do que os Açores, ainda que os Açores tivessem mais ilhas e uma dispersão territorial muito maior. Era, isto sim, uma flagrante injustiça. Bolieiro quis agradar aos madeirenses e, por momentos, esqueceu-se que é Presidente do Governo dos Açores.