Opinião

Maus ventos de Itália

Benito Mussolini foi primeiro-ministro de Itália de outubro de 1922 a julho de 1943, mais ou menos 2 anos antes de ser morto.

De uma forma resumida e na minha opinião, Mussolini foi um deslumbrado por ideais. Qualquer pessoa que lhe mostrasse ser capaz de ter ideias que lhe soassem bem ele seguia-o e idolatrava-o. Provavelmente porque não era capaz de o fazer sozinho. Foi assim que passou de um militante de esquerda contra a guerra a um apoiante da guerra logo a seguir. Mesmo depois disso, conseguiu alterar a decisão de quem afinal apoiaria na guerra.

Este jornalista, passou de militante socialista, cronista e responsável de jornais partidários de esquerda, a fundador do partido fascista italiano situado no mais extremo da direita italiana e até mundial. Mussolini ficou também conhecido como fundador do fascismo no mundo.

Ou seja, foi um troca tintas que andou de pedra em pedra até atingir o seu objetivo de chegar ao poder em Itália. Chegado aí instaurou o culto a ele próprio, aboliu as eleições parlamentares e tornou Itália num país de partido único. Governou até 1943. Não foi há muito tempo. Não faltam pessoas entre nós que eram vivas nessa altura, e esta semana puderam ver descendentes deste regime chegar ao poder naquele País.

Domingo passado, o partido que teve mais votos em Itália é liderado por uma pessoa que durante a sua juventude militou um partido fascista que prestava vassalagem a Mussolini. Também, nos entretantos da sua vida, mudou de opinião e chegou a Ministra num dos Governos de Berlusconi que como todos sabem lidera um partido como o PSD, um partido do centro-direita.

Caros ouvintes, a sensação que tive no domingo foi a sensação de estar a assistir a uma repetição histórica na Europa: o regresso do fascismo de Itália para o mundo através de uma pessoa que foi normalizada por partidos de centro-direita. O fascismo nunca desapareceu e precisamos estar atentos às suas manifestações.

 

(Crónica escrita para Rádio)