Opinião

Medidas avulsas

A implementação de medidas avulsas, desenhadas sem o devido diagnóstico da situação e sem que os seus efeitos sejam acautelados, já vem sendo a imagem de marca deste governo regional. Há quem o chame de novo paradigma!

Não basta ser novo para ser bom. Mudar só porque sim, agitar bandeiras só porque alguém exige, ou gritar chavões que colhem aplausos, não é governar. Pelo menos, não é governar tendo como única preocupação o bem-estar da nossa população.

Veja-se o caso da medida avulsa relativa à redução dos programas ocupacionais! Uma medida tomada em cima do joelho, sem avaliar os impactos que traria, e logo, sem acautelar alternativas às instituições que acolhiam estes programas, tendo esta mão de obra um peso crucial para execução das suas funções.

Falemos no caso mais flagrante, a par do caso das escolas. Falo das Juntas de Freguesia.

Os executivos do poder local assumiram contratos de delegação de competências, ou seja, um conjunto de responsabilidades, contando com os recursos humanos de que disponham. Posteriormente, são confrontados com uma redução abrupta do número de trabalhadores por esta via, colocando em causa o cumprimento da sua missão: servir a sua comunidade!

E desengane-se quem pensa que as Juntas querem depender apenas de programas ocupacionais! As Juntas querem os meios necessários para poder contratar e cumprir a sua missão. Isto é, se não têm os colaboradores por via dos programas pagos pelo Governo Regional, então dê o Governo Regional alternativas às Juntas de freguesia para que estas possam servir as suas comunidades condignamente.

Não esqueçamos, contudo, que os programas ocupacionais, ou uma medida com outra designação, mas orientada para o caso das pessoas que não têm o perfil adequado para ingressar no mercado de trabalho, terão de existir. Sob pena de deixar ao abandono todos aqueles que o mercado de trabalho não absorve, por muita necessidade de mão de obra que exista.

E uma palavra também para todos os presidentes de Junta, e restantes elementos dos executivos, das 156 freguesias dos Açores, que foram pura e simplesmente desrespeitados por este Governo. Não foram ouvidos quando esta medida foi implementada e continuam a não merecer o seu respeito ao não dar a devida resposta às suas reivindicações.

No final, apenas uma conclusão: as medidas avulsas deste Governo afetam sempre os mesmos! Os açorianos! Sejam as populações que são confrontadas com a falta de limpeza e manutenção regular de espaços públicos, com a demora na resposta às suas solicitações, sejam os pais e as crianças que nas escolas não encontram os assistentes operacionais necessários, sejam os utentes de IPSS que se confrontam com respostas de menor qualidade por falta de pessoal!

Isto de governar a reboque e sem uma estratégia concertada, acaba por traduzir-se em medidas avulsas com impactos muito negativos para o dia a dia dos açorianos!

Os açorianos merecem, definitivamente, melhor!