Opinião

Caos e cacos

1. Nos Açores

Na Física, o caos é um enxame de partículas de movimento aleatório e desordenado, que atingem, figurativamente, a fase de cacos. Este é o estado atual da Região, apesar dos “emudecimentos pomposos” quando falta coragem política.

Depois do incêndio no HDES, a preocupação de Bolieiro transformou-se em precipitação para tentar mostrar o que nunca foi timbre da sua atuação, ou seja, liderança racional. A Ministra da Saúde, conhecida pela sua incompetência no País, veio cá elogiar, hiperbolicamente, o “modular”. Porém, não replica o exemplo para o país. É só conversa!

Os Açores vivem entre “o caos e os cacos”. A Agência Internacional para a Pesquisa do Cancro, entidade associada à OMS, publicou um relatório confirmando que o agrotóxico Round Up ou glifosato, com potencial no cancro (linfoma Non-Hodgkin), para além de induzir alterações no DNA e cromossomas. Depois da proibição do glifosato nos Açores, com um Governo PS, ninguém sentiu a sua falta. Agora, por subserviência ao Chega, com alegados interesses económicos de alguns, os Açores regrediram, nesta e em outras questões.

Este caos agrava-se quando somos os mais pobres do país, conforme se lê no recente relatório “Balanço Social de 2024”. O documento mostra, de novo, os Açores como a pior Região do país, no tocante à pobreza. Serão as tais narrativas de Bolieiro ou é o significado do seu paradigma? Infelizmente, a Região vive num caos e em cacos! Se o turismo melhora, ou até outro qualquer indicador, mas, persistem ou aumentam a pobreza, as desigualdades, atrasos nos pagamentos, o endividamento, a criminalidade, o preço do gás, os baixos salários, incumprimentos com bombeiros, cultura a definhar… só há uma conclusão: o governo é incompetente. “Poupa na farinha e gasta no farelo”. Diz mais do que faz, e, principalmente, não sabe o que faz!

 

2. No Mundo

Todas estas situações tendem a aumentar com a desregulação internacional gerada pelas políticas isolacionistas de Trump, que abusa do “choque e do pavor”. Só agora começou e já está a iniciar uma guerra comercial global sem precedentes. Teme-se que atinja o patamar de conflito mundial … É preciso lutar pela Democracia, para que o passado não seja o futuro. A este propósito, nunca é demais recordar os 80 anos de libertação de Auschwitz, em 27 janeiro de 1945, onde morreram mais de 1 milhão de prisioneiros, só neste campo de concentração nazi. Num tempo em que os neonazis voltam a emergir, canibalizando a tolerância das democracias, é preciso que a memória não se desvaneça perante a barbárie. Há 92 anos foi a Alemanha a iniciar a xenofobia, o racismo e o populismo. Hoje, o Mundo vê ruir o farol da liberdade nos EUA, com os mesmos pressupostos, agora camuflados de oligarquia financeira. O Novo Mundo está a ficar velho (i)mundo. Nesta perspetiva, as más decisões de Trump, exigem uma nova Europa firme e coesa, reguladora dos seus offshore que permitem roubar os países que os autorizam! Instalado o caos, só teremos “novos” cacos.