Quando uma criança vai à urgência hospitalar há - para além do medo e da insegurança próprios de quem enfrenta, pela primeira vez, um ambiente desconhecido associado à doença, ao desconforto e à dor - a ansiedade da família que, naturalmente, fica com o coração nas mãos. Imagine que a criança necessita de ser operada e que, na urgência pediátrica, a sala onde toma banho antes de ir para o bloco é um misto de quarto banho e arrumação, no qual se encontram baldes sujos e detergentes. Imagine, ainda, que ao progenitor é fornecido um resguardo descartável, no qual a criança põe os pés descalços, uma toalha de mãos e duas tinas com água e sabão. É aí que, com frio e assustada, é lavada com água de sabão das tinas para depois ser encaminhada para o bloco. Infelizmente, houve quem recorresse à urgência pediátrica do Hospital do Divino Espírito Santo e não precisasse de imaginar. É necessário melhorar – e muito – as condições daquele serviço. Não basta ter bons profissionais. É preciso que eles tenham condições para realizar um trabalho que, simultaneamente, seja rigoroso e sensível. As crianças não só merecem, como é exigível que assim seja.