Decorreu no passado fim-de-semana, na cidade da Horta o XV Congresso Insular das Misericórdias. Um Congresso que junta, não só, as Misericórdias dos Açores e da Madeira, mas também Misericórdias de todo o País. É um bom momento de partilha de ideias e de conhecimentos por parte de quem representa estas instituições.
As Misericórdias, em Portugal, tendo mais de 500 anos, surgiram ainda no tempo da monarquia e têm sabido manter-se ao longo dos tempos e até conseguido afirmar a sua importância por todos os regimes políticos que Portugal tem atravessado até aos dias de hoje. É, também por isso, inquestionável a sua importância em qualquer localidade onde os seus serviços são prestados, sejam eles prestados em grandes centros urbanos ou em pequenas localidades que porventura estejam mais afastadas.
A suas áreas de atuação também se foram adaptando ao longo dos tempos, mas sempre com o mesmo intuito de ajudar e amparar quem mais precisa, independentemente da sua idade ou da sua condição. Aliás, sempre foi esse o grande objetivo da criação das Misericórdias por todo o mundo: estar presente onde e quando mais se precisa.
As Misericórdias e até os serviços de saúde que muitas prestaram e ainda prestam são ainda anteriores aos próprios serviços públicos de saúde no nosso país e se falarmos no que diz respeito à saúde mental, as Misericórdias e outras instituições sociais, estão com um avanço face ao Estado de anos-luz. Ou seja, pelo seu histórico de atuação, pelo conhecimento que foram adquirindo ao longo dos anos em matéria de assistencialismo social, o Estado tem aproveitado (e bem!) para, através delas, conseguir dar resposta em muitas áreas que sozinho não tinha capacidade de chegar, áreas estas que vão sendo diferentes, conforme as necessidades de cada local e as necessidades de cada tempo.
Neste tempo que vivemos, e com os impactos que esta crise já está a ter em algumas famílias, não tenho dúvidas que, as Misericórdias e outras instituições de solidariedade, voltarão a mostrar a sua importância disponibilizando a sua capacidade de resposta a quem mais precisar.
(Crónica escrita para Rádio)